Terrificante e reles sociedade
Que vives num artifício fraudolento de ti
Dominada por uma vital manipulação da realidade
Sinistramente só e ausente de sentir.
Num confronto problemático com a existência
Encaras a extinção completa da alma
Como uma sentença inquestinável.
Estranhamente digeres a matéria da vida
E aceitas drasticamente a chuva de fogo
Que queima o pórtico frontal do Humanismo
Numa explícita debilidade hereditária.
Aniquilada e adaptada, a inconformação é,
Um macabro e obcecado parecer sem ser.
Converteste o homem numa criatura de estábulo
Pitorescamente ruminando palha
Com o cérebro apoiado em porcaria lamacenta
Alagado em fantasias mas seco de si
Perseguindo caminhos vazios e nebulosos.
Contente e cego pela bengala da ilusão
Arremeda aniversários metamorfoseando-se em senilidade
E como um fero gerador de quimeras vozeia abastanças de amor
Mas os seus lábios verbosos expelem astúcia e trapaça.
E eu,como um lunático da fraternidade
Desacreditado destas fés tenebrosas
Esbracejo fortemente numa jangada de nojo
E instalado numa mantilha de solidão palpável
Vomito palavras propositadamente estúpidas
Rancorosas, ásperas, fósseis e abundantes de sílabas
Gritadas para que originem
Dramas e chagas nos ouvidos de quem me escuta.
Eu renego estas vidas assombradas
Fecho-me no meu casulo sideral
E agoniado parto para o meu espaço cósmico.