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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

É no teu coração que vive o ar que respiro

É no teu coração que vive o ar que respiro
a ele volto sempre para respirar
é o teu coração... os meus pulmões...
contruídos com carícias que junto no peito
como notas musicais arrumadas num piano
depois respiro melodias...
envio-tas embrulhadas em sorrisos
que ao encontrarem o teu corpo
o cobrem como pétalas grisalhas...
sorvo o ar do teu coração
como se bebesse a vida
copo atrás de copo... num frenesim celestial...
um dia...marcámos o pés na areia...juntos...
e mergulhámos no mar tempestuoso
eu afundei a alma em sal...confundi-o com lágrimas...
descobri que bem no fundo de mim
podia sentir respirar o teu coração
voltei à superfície descontruído
a cara arruinada...as pernas bambas
tinhas amarrado o coração ao cais deserto...
voltei a casa...
espero que apareças...preciso respirar...
podes até matar-me de tanto ar....

É no teu coração que vive o ar que respiro

É no teu coração que vive o ar que respiro
a ele volto sempre para respirar
é o teu coração... os meus pulmões...
contruídos com carícias que junto no peito
como notas musicais arrumadas num piano
depois respiro melodias...
envio-tas embrulhadas em sorrisos
que ao encontrarem o teu corpo
o cobrem como pétalas grisalhas...
sorvo o ar do teu coração
como se bebesse a vida
copo atrás de copo... num frenesim celestial...
um dia...marcámos o pés na areia...juntos...
e mergulhámos no mar tempestuoso
eu afundei a alma em sal...confundi-o com lágrimas...
descobri que bem no fundo de mim
podia sentir respirar o teu coração
voltei à superfície descontruído
a cara arruinada...as pernas bambas
tinhas amarrado o coração ao cais deserto...
voltei a casa...
espero que apareças...preciso respirar...
podes até matar-me de tanto ar....

Um arauto nómada

Como um arauto nómada da Ventura
Blasfemo juras excêntricas de pecados deliciosos...
Desminto a plenos pulmões doutrinas de falsa felicidade
Entretanto o cuco dá horas sem horário.
Vi o meu nome frio inscrito na água
E na mesma visão o meu corpo em chamas.
Guia-me uma pensativa cisma...
Carregada de ilusões e solidão....
Esbarro em fantasias inconsistentes
Que se dirigem sentido adverso ao meu querer.
Anos e anos de vazio pesam na fragilidade deste ser
Embrulhado num corpo de carne estéril e enrugada
Suspirando para que a infâmia dos dias
Se desamarre como um fardo dissolvido
E possa possuir a irremediável desarmonia
De estupefacto me reconhecer .

A independência das mulheres

Sobre a independência das mulheres
Era como um eremita que fingia nada saber
Anestesiado do amor vestia os andrajos da solidão.
Encorpava nele um demente desdém pela higiéne mental
E usava a alegria como uma crina despenteada.
Domesticava as palavras com ilógica mímica
Impenetrável à vida... ébrio de silêncio...consumido pelo som...
Vivia para si e não ia catar os juízos mais profundos
Fechava-se e emergia como um submarino
Com a escotilha mergulhada em inação.
Era como uma igreja vazia que perdeu a fé
Como um santo descontente que abandonou o altar
As suas aspirações eram ruínas amuralhas em descrença
Como um voto de silêncio estilizado em estátua de pedra
E oco de sentimentos descarrilou em desvario.

Um homem singular

Era um homem singular
Embalava as emoções
Num invólucro de ferro ferrujento
Que protegia o seu brilho interior do olhar dos outros
Às vezes despia essa capa
Como quem se abre para a vida
E se admira por ainda manter o fascínio intacto
Beijava-a então rigosamente
As bocas sofregamente enlaçadas, mas,
Edificava com a vida um par sombrio
Como se vivesse numa escura mansarda
De onde apenas pudesse observar
Os gatos no telhado em frente.

Entrego-me carnalmente

Entrego-me carnalmente ao significado das palavras,
Escarafuncho profundamente na cabeça e,
Admito com repulsa que a natureza humana
Corre indecentemente para a insensibilidade
Profanando a venerável catedral
Onde reside o saber ancestral da natureza.
O homem tranformou-se num espantalho feito de palha.
Imolado pelo logro de personagens que vivem pela mentira
Imensas de tirania e perversidade mental.
Desacreditado pelas falcatruas dos governos
Sinto incomplacentes e inconvenientes emoções
E enrosco-me num profundo padecimento
Consoladamente sentado numa sanita sem fundo.

Velha figueira

Tenho uma figueira
Junto à minha janela
Onde os passarinhos
Vêm comer figos
E à noite...vêm dormir nela!


Ó bondosa árvore
Ó figueira bela
Trazes companhia...à minha janela!