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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Saudado com vibrantes ovações

Antecipadamente saudado com vibrantes ovações
Implanta-se no palanque adornado de mesuras
Apregoa considerações absurdas e bocejantes.
Abraça a imensidão do espaço em frente
Disfarçando os verdadeiros propósitos...
Carrega no sobrolho uma falsa expressão de compaixão
E usa uma mímica gestual dramática, grotesca, agoniante...
Ancorada no vazio...

O santo pecado

Recostado na sua cadeira de baloiço
Vai manipulando o Rosário dos seus pecados
Inchado pela lenta digestão da Fé
Debita pensamentos sobre o Calvário do Homem
E inventa fórmulas de aniquilar os outros pecadores
Não quer concorrência...
O seu cérebro é como um patíbulo onde morrem as ideias, mas,
Debaixo da carne o esqueleto espreita através dos olhos
procurando alcançar o Santo Pecado...

O Cristo condenado

O Cristo condenado e caído da cruz
Jaz no chão da igreja
Como um caco desconjuntado pelos homens.
Emerge dos seus próprios escombros
E arrasta penosamente a cruz que caiu sobre ele
O Pai pega nos cacos e cola-os...
Ressuscitando-o atrás da sacristia...
Num exemplo de persistência.
Mas... o Cristo reparado, tristemente pergunta:
Pai ... porque morri eu por eles?

O industrial progresso

O industrial progresso humano pariu um desempregado
De mãos vazias cruza-se quotidianamente com a vontade de gritar
Com a vida desbotada e á beira das lágrimas
Arremessado no precipício vorático da inutilidade
É molhado pela chusma intolerante dos instalados
E é convidado a desaparecer para não incomodar
Suspira silenciosamente...
Para sossegar o seu riso amargo e estéril
Agarra-se à cauda do cometa ilusório da esperança
Enquanto sorve o coquetel penoso.