Irritado com o sentido da vida
Irritado com o sentido da vida
Já que não descobro as Razões da Criação
E porque as altas instâncias do Eterno são o lugar onde nos depositamos...como lixo abandonado
Com uma lucidez sonambular afoguei-me num plano áspero
E fechei-me na minha gaiola de sonhos emancipantes.
Procurei a adaptar-me ao complexo tempo existêncial
Desajustado de mim por uma sucessão de dramas
Vividos e sobrepostos em camadas.
Espalhei no chão os meus problemas
Tragicamente definitivos e veladamente irresolúveis .....
Mergulhei então no poço negro das tristezas
E declamei magnificentemente verdades afogadas em lágrimas...
Não há beleza eterna!
Não há vida eterna!
Só o nada é eterno!
O resto são eternilidades...
E digo isto como se fosse algo sério...importante...
Digo-o graciosa e polidamente como um poeta
Que olha fixamente nos olhos o Noturno
Sem medo... e sem esconder os ângulos esquinados dos actos
dispersos por uma inconfessibilidade de fins...
Somos como uma manifestação impossível da vida
Alabardada pela incompreensão humana
Somos como analfabetos das tecnologias da alma inacessível
Como palavras sem paladar e sem password
Que secam a mente como vírus ofensivos.
De resto...sou um esqueleto desidatrado de mim...
coberto por uma fantasia carnal de homem!