Poesia corrente
Tal como uma maré, esvazia-se o meu pensamento em correntes de poesia.
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Tal como uma maré, esvazia-se o meu pensamento em correntes de poesia.
Cortam-se as palavras com lápis afiados em dor
Amesquinha-se a caturrice do amor ao próximo
Na fogueira do horror queima-se a clemência
Cicia-se aprimoradamente a contra- fé
Ornamenta-se o massacre com papoilas vermelhas
Vive-se um dia-a-dia impregnado de odores funérios
Os Santos Livros foram transformados em manuais de guerra!
Pintado com cores desbotadas e opacas
O asco entra-nos pela garganta... infiltra-se nos poros
É tempo de mudanças.....
Orlemos os nossos sentimentos com novas práticas
Ascendamos à paz, alcancemos a dimensão da vida
E atinjamos o vórtice das coisas alegres,
As tristes,as trágicas...já cá as temos
Ensurdemos da verborreia purgante
Que ingerimos como reflexo da vida
Amarguradamente.... silenciosamente... atentamente.
Escarremos a aflição em roncos frios e irados
Depois …Aqueçamos o nosso chá e descansemos!
As profecias rumorejam augúrios de prazer
As ideias escondem-se maçadas pela mentira...
Diademas de fogo estrelado ornam milagres
E na areia movediça e sem ideal definhamos....
Abandonamos maciçamente o campo
Suportando a pleonástica fatalidade das cidades.
Desabitados de nós e desacreditados nos fiteiros credos
Desistidos da alegria crónica... e desemocionados e rectos
desenraízamos austeramente a palavra.
O tempo afunda-se em nós...
Arrastando-nos pela asa de paradoxais absurdos.
Dizem a alma não existe...mas existe...
no entanto há duas almas....
ela pode ver-se naquilo que o homem faz …
é aí que ela está viva...
há uma alma para os moribundos da vida,
outra para os estúpidos...
até os que vegetam a possuem.
Mas há uma alma superior,
a dos poetas e dos artistas...
também essa se pode ver...
está nas obras de arte, nos poemas,na música...
as obras de arte afinal são as lápides da alma,
a música... o acompanhamento fúnebre...
e a poesia o seu epitáfio....
a inscrição final e acabada do homem