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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Os seus esgares ilustravam medos agónicos

A sua dança tenebrosa e desvairada era exibida em posicões bizarras
Os seus esgares ilustravam medos agónicos
Pressentíamos pelo barulho das pernas
Que dançava com ossos ocos...
Como missas místicas sem crentes...
Vomitava uma espuma ocasional e sem sentido
Produzindo uma retórica nojenta e de acaso
Como um impostor político ou um vândalo da alma.
Reinava a desordem nos seus olhos raiados de fogo
Como num espelho maniqueísta do estar e ser
Depois de despido do seu delírio
A sua grotesca forma humana uivou sordidamente
E... com esgares assassinos...
Defendeu o aniquilamento do homem...ou grande parte dele...
Berrou contra os pacifistas que o queriam agredir
E disse: a Terra tem excesso de lixo-homem
As pessoas amontoam-se como impurezas em barracas de lata
Estão vivos e enlatados...franzinos..escanifrados...
Mas...se nascer uma acção...uma necessidade de ar puro...
Se os miseráveis se organizarem numa só vontade..
Vexando os cânones instituídos e esquecerem direita e esquerda...
E se se lembrarem da desigualdade de direitos existente...talvez...
Estavamos todos acéfalos pela lógica dele...
Mas todos...todos mesmo todos...silenciosamente concordámos.

A vida emurchesse-nos e torna-nos camelos corcundas

A vida emurchesse-nos e torna-nos camelos corcundas
Dobra-nos sob o peso da realidade mal digerida
As formas verbais estiolam com os anos...acham que não vale a pena..
Calam-se... entupidas pela merda propangandeada
Os horizontes grandiosos da juventude encolhem
E a visão da realidade desatina embaciada
Cantamos nostálgicos... músicas que mal recordamos
Manipuladas em solfejos obscurecidos pela inércia...
Acordar...dormir...eis a nossa directiva existêncial...
Às vezes lá tocamos as partes mais recônditas


para ver se ainda lá estão...se ainda não murcharam...


como flores que precisam de carícias para sobreviver...
Às vezes...lá conseguimos ser nós...raramente...
Às vezes...a nossa emissão de sentimentos rompe-nos o peito
Mas no curto espaço temporal de nascimento e decadência
A maior parte do tempo...seguimos curvados...
Como anjos prometidos ao fogo que cai em cascata
Caído em chuviscos de um céu puro e esquecido de nós.

Distraidamente absorvidos por uma persuasão de idiotas

Distraidamente absorvidos por uma persuasão de idiotas
Somos induzidos sub-repticiamente a viajar para fora de nós
Para não arpoarmos o futuro... para não nos deliciarmos com o sonho
Para degustarmos o presente com uma dentadura postiça...
Para nos desanimar...
Exibem previdentemente as nossas dores embrulhadas em papel pardo...escuro...
Mas... tal como a garrafa com a mensagem depois de atirada ao mar chega sempre à praia
Assim será...o que for soará... como sempre foi...como tiver que ser...