Quando eu morrer não me vistam nada
Quando eu morrer não me vistam nada
Nem me apertem num caixão...
Quero ir descalço e nú,
Como um monge que fugiu
Deste cadafalso feito de almas soterradas...
Liberto enfim do grande Atilho da Vida
Embrulhem o meu corpo num lençol de linho branco,
Refúlgido...
Coloquem-me sobre uma padiola de fracas tábuas puras e sem verniz...
Dispenso epitáfios? Para que os quero?
Tumbas pesadas... de granito?Não !
Já bastou aquela em que vivi e o peso na alma que me causou!
Passei a vida a carregar esta pedra...esta tumba...como um caracol solitário.
Carreguem-me às costas,
(se houver alguém que me queira carregar)
Mas não me tapem o rosto...quero ver tudo...
Finalmente posso olhar o céu de papo para o ar...
Piscando o olho ao sol...porque carga de água os enterros são só de dia?
Eu preferia uma noite de lua cheia...
Onde as pessoas fossem iguais a si próprias..
E uivassem como lobos...em minha memória!
Numa sinfonia de uma nota só...
aúúúúúúúú....aaaa.....aúúúúú