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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A minha primavera

Amanheço encandeado de poesia
onde achava antes árvores desprovidas,
os ramos estonteados em invocação
consignam agora flores e folhas de magia.


Este concerto que escuto,são os pássaros,
que produzem uma rara sinfonia,
e os trinados são elegantes galanteios
cativando fêmas por ruas e terraços.


Nessa manhã serena em que efluia
essa sequência de cores e gorgeios
eras a diva de uma ária celebrada
perfumada de alecrim e maresia.


O perfume que os meus sentidos enchia
eram essências raras de plantas matinais
o ar estava saturado de aromas especiais
e eu não podia mais conter a alegria.


Plantado estava eu à tua espera
e chegaste num momento tão divino
como um sol que rúbio de fogo explodia
ou não fosses tu... a minha primavera.

Voando com os pássaros alucinados

Acordo zangado com as reminiscências que quero esquecer
Que me fazem remexer nas decepções de um tempo estranho.
A penumbra traz-me coisas desse passado que me incomoda
Desse tempo esquecido...
Desse tempo dissipado e longínquo...
E que agora ondula na minha mente
Como um lapso de tempo desfeito...
Como barcos esquecidos à deriva e que agora querem ancorar ...
Mas eu sou um náufrago sobrevivente
Que quer aliviar-se do eu antigo
E que procura aprovisionar-se com novos sentimentos
Porque está obrigado a permanecer sobre os campos
Voando com os pássaros alucinados.

Como um despropósito insaciado

No meu corpo sulcado de vermelho sangue
Agita-se qualquer coisa...como um despropósito insaciado
Num jogo de sombras azul escuro.
Como uma imagem de desígnios regurgitados num prato liso
Ou como um mar que cintila feliz e remoçado com a morte no areal.
Expiro como um acalmado naufrágio sem deriva
Nutrido de vontades de fazer qualquer coisa
Que seja uma paródia de mim... em tamanho natural...
Derivo pela praia como uma espécie de vida
E procurando libertar angústias ancestrais
Afronto o céu com o olhar e,
Vislumbro nas nuvens a minha alucinação...
Depois agito a luz como um elixir...e sorvo-a em enormes tragos,
Seguidamente baixo a cabeça sobre o peito e ajoelho-me na areia
Peregrinando ao acaso pela minha alma .