Sou a memória tudo o que me aconteceu
Sou a memória tudo o que me aconteceu
Ao entardecer...abro a minha janela e,
Espalho essas memórias alegremente
Para dissolver no ar a minha loucura.
Espalho-as com quem semeia trigo...
Às mãos cheias...
na minha janela vive todo o tempo do mundo!
Sem tédio nem obrigações...
Sou o louco da janela...
Mas é lá que liberto a cabeça de todas as coisas inúteis,
É lá que agradeço os revés da vida...
O cansaço do mundo...
O tempo desperdiçado em nadas..
Os anos de silêncio...
A vida cheia de vazios que já não cabem em mim...
É lá que me acalmo...
Na minha janela nada me incomoda!
A insónia é bem vinda...
O sono...
É como um fumo ou um nevoeiro onde não me quero perder.
À minha janela não sinto saudades!
As sombras do passado são vagas que já morreram na praia.
E eu...sou a maré que vai enchendo a noite dos sonhos...
Nunca saio da minha janela...
Porque nunca posso abandonar a minha alma!