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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Sou a memória tudo o que me aconteceu

Sou a memória tudo o que me aconteceu
Ao entardecer...abro a minha janela e,
Espalho essas memórias alegremente
Para dissolver no ar a minha loucura.
Espalho-as com quem semeia trigo...
Às mãos cheias...
na minha janela vive todo o tempo do mundo!
Sem tédio nem obrigações...
Sou o louco da janela...
Mas é lá que liberto a cabeça de todas as coisas inúteis,
É lá que agradeço os revés da vida...
O cansaço do mundo...
O tempo desperdiçado em nadas..
Os anos de silêncio...
A vida cheia de vazios que já não cabem em mim...
É lá que me acalmo...
Na minha janela nada me incomoda!
A insónia é bem vinda...
O sono...
É como um fumo ou um nevoeiro onde não me quero perder.
À minha janela não sinto saudades!
As sombras do passado são vagas que já morreram na praia.
E eu...sou a maré que vai enchendo a noite dos sonhos...
Nunca saio da minha janela...
Porque nunca posso abandonar a minha alma!

O mostruário da vida

No mostruário inicial da vida
A morte não ocupa espaço
A morte é algo impensável...
É como um corpo desconhecido que vive no nosso corpo,
Não nos preocupa...é invísivel ao pensamento...não nos afecta...
É uma coisa longínqua, que,
Na realidade nem sabemos bem se existe.
Somos jovens...felizes... imortais...
Apenas queremos viver!
Mas...um dia...sem saber como...
Repentinamente surge-nos o cavaleiro do apocalipse
E a nossa própria morte torna-se palpável.
A morte passa a viver connosco
É como um paisagem ofuscante
Determinando a meta do nosso futuro.
Questionamos a vida por causa da morte
Perguntamos ao mistério qual o significado
Mas a resposta é muda...e continuamos..
Mais uns anos e estamos decrépitos...gastos...
E para nossa surpresa deixamos de pensar na morte...
Ocultamos essa visão...
Porque sabemos que está tão próxima
Que não a queremos olhar
Estamos cansados...maçados...
E voltamos o olhar para outras paisagens.
Contemplamos então a natureza...
Com o olhar mirrado, mas cheio de luz...
Vemos as flores e as árvores
O belo porte do carvalho, o aroma do pinheiro,
Percebemos que nem sempre estiveram ali,
E que um dia também morrerão.
Percebemos como é estúpida a imortalidade,
Que a vida é uma maré sem peixe
Que a nossa rede é oca e ilusória...
Afinal o peixe somos nós...
Somos que que nos temos que pescar..
E... quando comparamos a nossa vida
com a imortalidade...
Deixamos de nos preocupar com a morte
Afinal temos a nossa janela,
De onde observamos as crianças a brincar...
Aí percebemos que tudo recomeça...
Não há imortalidade...não há vida...
Apenas existe o viver!