A minha alma é um lago
A minha alma é um lago
Onde se refletem as cores dos dias
Um enorme poço onde uma pequena luz brilha no fundo
Bruxuleante...lacrimosa....
Espreito a minha alma
E vejo o meu vulto a dançar no fundo do poço
Não projecto sombra... sou uma figura de mim
Sou ao mesmo tempo como uma imagem exterior a mim
Onde todas as coisas se refletem...irrefletidamente...
Numa dança acrobática e ondulante...
Procuro romper com a minha sombra
Mas como posso fazê-lo sem romper a alma?
Como partir o espelho onde me revejo?
Como forçar a alma sem romper a sombra?
Como dar vida a esta imaterialidade?
Faço o meu vulto dissipado voltar à realidade?
Olho-me... e vejo um fantasma...aparentemente real...
Sou eu esta a sombra que me olha?
Esta aparição lívida e intangível de mim?
Ou uma irrealidade animada pela minha alma?
Vejo-me nitidamente decomposto em várias cores
Como quem espreita através do cristal
E na verdade sou eu...este corpo...esta alma...
Que imaterialmente predomina sobre a realidade!