Nem sempre habitei este iglô!
Estou deitado de barriga para o ar,
Pensativo...relaxado...olho o tecto branco...
Este tecto branco é como um universo gelado
Um tempo parado e sem vida
Dentro de um tempo paralelo que corre na rua
Medito sobre mim...sobre os outros...sobre a vida...
Indiferente ao gelo que me cobre...
Vejo o tecto branco como um espaço largo de vistas
Este tecto branco não tem grades...nem aborrecimentos...
É uma cela libertadora e vasta...
Na rua sobrevivem em gaiolas mentais
Aqueles que não têm um deserto branco para se espraiarem
Não tenho paciência para a rua...
Onde vive a intranquilidade...
Sou como um gato enrolado na cama
De vez em quando espreito pela janela
Convenientemente disfarçado...
Mas não me interessa saber nada da rua
A curiosidade guardo-a para o meu tecto...
Onde o vendaval não me atinge...
Só gosto de quem gosto
E não me esforço para ser simpático
Aliás, não me esforço por fazer qualquer tipo de esforço.
Sei que a imobilidade é conveniente ao pensamento
É por isso que nada me arranca ao meu tecto branco.
Mas...nem sempre habitei este iglô!