Passo na rua mascarado de riso,
Sou divinamente endriabrado
Sou como uma lágrima sorridente
Tingida com o sangue esverdeado da esperança...
Sou uma cópia de todos os homens
Sou como um esboço inacabado...
Um risco traçado a carvão...
Que para me desenhar,teve primeiro que arder.
Tenho em mim os sete pecados imortais,
Sou o diabo agitando a cauda perante o doce
Os olhos salientes perante a carne
A inveja rabujenta que se mira ao espelho
Perseguindo a ganância pela vida
E voltando as costas a Deus... só para o chatear!
Sou a garra de unhas afiadas que se esconde na sombra
Sou a feroz beleza do delírio...
Ai de mim! Se o sol me apanha...empalidece...
Sou um cómico no funeral da ilusão,
E tenho a liberdade do destino traçado...por mim...
Rio-me desse destino fatal
Enquanto ardo no altar da Liberdade.
Ponho os lábios sobre a Beleza...que cora de vergonha...
Como os miolos aos Anjos...sou um raio que os racha...
De alto a baixo...
Sou o espelho onde se mira ilusão...
Porque tenho os dedos gastos de raspar no áspero Infinito
Vou ardendo numa bela fogueira...
Qual canibal que se consome...
Como uma estrela a quem acabou o combustível
Como um riso que se desfaz em pranto,
Ou uma passagem em ruínas.
Sou o último suspiro que não se quer exalar
Porque ainda não recebi as chaves do Infinito!