Quando falo de mim...de quem falo?
Quando falo de mim...de quem falo?
Se eu sou uma mistura dos outros
Se sou o que aprendi com os outros
Sou um pouco de todos os que por mim passaram
Sou um pouco de todas as coisas que vi
Sou o arquivo sem fundo das minhas experiências.
Sou o nadador salvador das minha recordações
Sou o que as pôe a salvo da tempestade do esquecimento.
No meu interior residem os dias de sol...
As sombras da floresta cheia de fantasmas...
Os dias espinhosos...a morte e a vida...
O abismo negro e o luto branco...
O vidro partido onde entra o frio e a luz...
A indecisão...a dança dos ramos ao luar...
Sou o espelho refletor e refletido...
Sou o pedinte esfomeado de ilusão
Sou a fé perdida e espalhada pelo vento
Sou a folha virada... da página sem remorso
Sou o peixe nas garras da águia Colossal
Que luta para fugir...desesperançado...
Sou o que procura agarrar a balsa salvadora
E também subir a árvore da aflição
Para afinal perceber...
Que os outros também estão comigo
Que também têm algo de meu
Que também querem sobreviver...
Desesperadamente....