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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Quando falo de mim...de quem falo?

Quando falo de mim...de quem falo?
Se eu sou uma mistura dos outros
Se sou o que aprendi com os outros
Sou um pouco de todos os que por mim passaram
Sou um pouco de todas as coisas que vi
Sou o arquivo sem fundo das minhas experiências.
Sou o nadador salvador das minha recordações
Sou o que as pôe a salvo da tempestade do esquecimento.
No meu interior residem os dias de sol...
As sombras da floresta cheia de fantasmas...
Os dias espinhosos...a morte e a vida...
O abismo negro e o luto branco...
O vidro partido onde entra o frio e a luz...
A indecisão...a dança dos ramos ao luar...
Sou o espelho refletor e refletido...
Sou o pedinte esfomeado de ilusão
Sou a fé perdida e espalhada pelo vento
Sou a folha virada... da página sem remorso
Sou o peixe nas garras da águia Colossal
Que luta para fugir...desesperançado...
Sou o que procura agarrar a balsa salvadora
E também subir a árvore da aflição
Para afinal perceber...
Que os outros também estão comigo
Que também têm algo de meu
Que também querem sobreviver...
Desesperadamente....

Há rostos que nos dizem tudo

Há rostos que nos dizem tudo...
Olhamos para eles,
E vemo-los como uma menção aos vencidos
Novos feitos velhos
Farrapos de nada sem aproveitamento
Que seguem com os dias encardidos pela ferrugem da vida.
E nem uma lima de aço é suficiente para os polir.

Polidamente escondem as arestas falsificadas

Fundem-se em si mesmos como chumbo derretido
São escorrimentos que na sua falsidade tudo destrói
Vivem à meia luz sem contornos e sem brilho
Usam a linguagem da mentira como se fosse verdade
São peritos em farsas...impenetráveis... perecíveis
Vestem fatos imaculados...como intrusos que comem risos.
São deputados da farsa...
Beliscam a verdade cheios de objectivos dissimulados
Pregam como apóstolos...a mentira...
Desfazem a realidade...decompondo-a astuciosamente
Ultrajando religiosamente e sem vergonha a comunidade.
São a imagem brilhante e ilusória da fraude
Polidamente escondem as arestas falsificadas
São os frutos deste tempo...marcados pelo selo da trapaça!

Um culto ao Deus do absurdo!

Norte, sul, este, oeste,
Escuto o eco do tempo cardeal...
Visto-me com a correcção do desleixe
E coloco um olhar ansioso caído sobre o colarinho
Como um sátiro dono da tragédia
Mastigo os dias como quem come
Uma ementa repulsiva....
E...no escuro desses dias
Arfo sons cavos e estranhos...inúteis...
Como se visse ao longe a minha existência
Suspensa e mirrada num eterno deserto.
O mundo é um lugar demasiado vasto
Um angustiante vulcão expelindo a lava... que me sufoca.
E onde o passar dos dias ,
Não passa de um combate perdido...mas obrigatório...
Um culto ao Deus do absurdo!

O corpo é a marionete da alma

Gostaria de viver desafogado
Dentro do meu corpo,
Dentro deste corpo...
Que se passeia na rua liberto e alegre...
Percebo que me calhou habitá-lo
Como quem ocupa uma casa vaga...
Iniciamos a vida sem corpo...dentro de outro corpo
E calha-nos um corpo que não escolhemos
Como se comprássemos uma rifa na feira
E nos saísse como prémio o nosso corpo.
Mas é um corpo que cresce connosco
Mistura-se em nós...
Mas não somos nós o nosso corpo.
Nós somos outra coisa...
Nós somos a alma que vive no corpo
Mas é através dele
Que experimentamos a alegria ou a tristeza
É o nosso corpo que ri ou chora
O nosso corpo é a marionete da  nossa alma...