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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Uso uma seta de raios inflamados

Uso uma seta de raios inflamados
Para atravessar os dias
Feitos de um branco denso...
Dias talhados numa pedra insensível
Que um capataz com chicote me obriga a carregar.
Dias onde o Sorridente me saúda...maldoso...
Enquanto joga às cartas com Deus
Pisca-me o olho como quem não quer a coisa
E lança o desafio:
Serias capaz de incendiar as palavras?
Serias tu capaz de ser o Nero da Filosofia?
Serias capaz de olhar Deus nos olhos
Só para o lembrar que existem Homens?
Mas porque devo eu lembrá-lo?
A Ele que em tempos...
Matou todos os primogénitos do Egipto
Não! Eu fujo disso!

Que outra coisa é a vida senão um brinquedo?

A lua faz descansar o sol
A lua é o descanso da vida
E tudo é vida...tudo é harmonia...tudo está ligado
O canto dos pássaros liga-nos à natureza
A nossa janela liga-nos ao mundo
A vida liga-nos ao universo.
Todos os dias renascemos
E todas as manhãs
Devemos começar por alumiar o escuro dos dias
Atear fogo à monotonia...enlouquecer...
Desvairar infinitamente...questionar os Deuses
Pintar a paisagem com cores garridas...renová-la...
Incendiar as ruas com roupas coloridas
Alumiar as sombras com archotes de carne viva...
Devemos arder na vida...sofrer da sua febre...
Eu não quero a cura...não tomo calmantes...
Quero ser sempre um fogo-fátuo...
Não quero as pantufas na minha casa
Quero sentir o frio do chão, nos pés.
Quero abrasar-me nesse fogo
Que a minha alma ateia e aplaude...
Quero gastar-me até só restar o meu esqueleto
Descobrir as mil faces das coisas
Mudar...mudar...mudar...
Mudar tudo...todos os dias...
Como uma criança que se farta do brinquedo
E quer logo outro...
Que outra coisa é a vida

 

senão um brinquedo posto à nossa disposição?
Por isso devemos desfrutá-lo nesta curta existência!

Os falsos crentes governam o mundo.

Hoje sonhei com cores
Cores brilhantes... mais brilhantes que a realidade...
Esta realidade que é sempre tão baça.
Um mar de de tinta colorida cobria o meu corpo
E eu nadava nessas cores como um coração naufragado
Do meu coração vermelho saíam cantos
Cantos suaves que subiam pela minha garganta
E se iam desfazer de encontro às falésias da praia
Olhei o céu...profundamente branco...sem fim
Frio como pedra que não se dissolve...
Não há nada mais frio que a pedra branca
Depois...o céu era o mar...
Nadavam comigo os Arcanjos
Que pretendiam entrar à força no meu coração...
Como quem entra num sepulcro...
Queriam mostrar-me a Divina Comédia
E o Inferno de Dante...
Afastei-os com uma alegria de criança...
Depois vi uma lua vermelha
Com o Soturno sentado na montanha mais alta...
A chamar-me Anjinho...
A sua voz era como o vagido de uma sombra tenebrosa
Que dizia: os falsos crentes governam o mundo.