Este mundo pardo e despolido
Este mundo pardo e despolido
É como uma voz enigmática
Que se precipita em cascatas de nostalgia
Os dias correm como água revolta
Que perde a pouco e pouco o seu esplendor,
Água que arrasta a lama da vida
Tornando-a opaca e desconhecida.
Água que se precipita no obscuro,
Fazendo do Homem um bicho traído pelo vazio,
Dentro dele ergue-se a voz da revolta
Exalando gritos interpelantes
Que ecoam no cerne da alma.
Embalado nos seus sonhos... confusos e dolorosos...
Não ouve os dias que lhe perguntam por si
Tudo lhe é intolerável...
O grito interior cresce,
Tornando-se numa insuportável súplica.
Pedindo à Alma que não se esqueça Dela,
Mas ele fecha-se como uma concha naufragada
Agora não é mais que restolho
Uma seara seca abanada pelo vento
Que de vez em quando solta um grão de vida...
Como uma lágrima!