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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Vivemos pagando um alto preço pela vida!

Cai sobre nós uma chuva arrepiante
Que cola a roupa ao nosso corpo
E se aloja na alma como um cheiro a terra
E nós, que passamos rapidamente pela vida
Como um rio que desce a montanha e alarga as margens
Nós vítimas de nós...acossados por nós..
Nós lendários servidores do efémero
Nós que suplicamos às forças ocultas
Que nos ofereçam o conhecimento místico da vida
Nós que vivemos sem raízes...desenterrados...
Nós inseguros de nós...sonhando infantilmente com felicidade
Nós que caímos e nos levantamos com o corpo dormente
Nós que sentimos com o coração fechado pela existência
Nós sem limites e com história
Nós que vivemos no tempo do prazer sofrido
Nós que seguimos empurrados pela novidade
E estremecemos no frio do recomeçar sempre.
Nós que vivemos no extremo da lenda
Empurrando cada fibra do nosso corpo de encontro ao mundo
Nós cujo destino é o mundo e o mundo somos nós
Nós ansiosos servidores sentindo o calafrio do Eterno
Nós devedores de nós
Vivemos pagando um alto preço pela vida!

Deveria ser criado um subsídio ao ócio

Vivemos num absurdo civilizacional em que as novas tecnologias que nos vieram libertar do trabalho pesado, agora nos escravizam com o aumento do tempo de trabalho. É um absurdo que os jovens definhem sem oportunidades enquanto os mais velhos desejam apenas ter tempo para viver. A dicotomia entre o tempo de trabalho e o tempo de viver tem que ser repensada e utilizando a feliz expressão do Prof. Agostinho da Silva: “deveria ser criado um subsídio ao ócio”, sim, quem ao chegar a uma certa idade puder deixar o seu posto de trabalho a outra pessoa deveria poder fazê-lo recebendo esse subsídio. Quantos de nós não abdicaríamos de parte do nosso salário em troca da liberdade? Quando se perceberá que o tempo de trabalho é um bem escasso que tem que ser distribuído por todos? Parece que não será nos nossos dias, uma vez que esse bem que rareia está cada vez mais concentrado naqueles que têm emprego e que mesmo que queiram não o podem distribuir por quem anseia trabalhar. Estamos a regredir aos tempos da revolução industrial e parece incrível que com todo o saber que existe e com toda a tecnologia ao nosso dispôr sejamos cada vez mais sacrificados e infelizes e tenhamos menos tempo para viver. É tempo de parar e pensar, é tempo do homem usufruir de si e não de ser usufruído, é tempo da realização do espiríto...