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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Como o sabor de um beijo esquecido

Uso a vida com espanto... mas sem me espantar
Como se fosse um passatempo infindável.
Sou como um missionário sem missão
Fascinado pelo grandioso Dia que surge
Perante o mosteiro onde um eclesiástico erege
Pressagia algo de grandioso.
Um ser duplo que não se imagina
Mas espera um acontecimento raro
Que ultrapasse a sua imaginação e o deslumbre
Como um apelo ao desejo numa noite calada
Ou como uma força inebriante que se fuma
Um ramo onde o pássaro descansa
Uma teimosia de Ser...forçado e desprendido...
Uma palavra descrita por palavras
Que se observam desconfiadas
Uma sombra da sombra que se esvai
Como o sabor de um beijo esquecido
Que despreza as regras da decência...

Uma agonia insinuante

Tenho no peito um instrumento de sopro
Que ondula em vagas por vezes alterosas
E noutras vezes... calmas e sensíveis...
Por vezes exulta persuadido que basta a força do desejo
Para ver os seus sonhos surpreendidos e realizados
Como se uma intuição o guiasse com voz terna
Em direcção a um enorme fluxo de sentimentos
Que o aguardam num embalo doce
Como um promessa pronta a cumprir-se
Ou como sentimentos sobressalentes
Que aguardam ornamentados de alegria
Pela noite em que eu fitando o céu...
Lhes apele numa agonia insinuante...
Que venham até mim...
Que se encostem a mim...que rocem a minha pele...
Que me aspirem para o seu interior
Como uma liberdade sem regras
Como um atordoamento do sonho
Onde eu durma indiferente aos gemidos e lamentos...
Da alma!

Como um presságio que me persegue

Ouço passos atrás de mim
Como um presságio que me persegue...
Ou como algo que sai do fundo da Terra.
Como se ouvisse um desejo correndo a realizar-se.
Sinto um arfar no meu peito atordoado de expectativa
Um sobe e desce de encantamento
Como um instrumento de sopro...desafinado...
Assisto às festividades da Vida
E transformo-me em Terra ...
Enquanto fico atordoado
Com a realidade pronta a cumprir-se
Como se a realidade pronunciasse palavras sem significado.
Observo-me então a mim próprio com uma lucidez irracional
Surpreendido por uma intuição
De que algo grandioso vai acontecer...
Imploro fervorosamente pela Razão
Prosto-me numa humildade de necessitado
E ornamentado de felicidade...não me volto...
Quando oiço então a tua voz terna sussurrar...
- Estou aqui!

A mulher das unhas vermelhas

Eis a mulher acabada de sair do banho
Perfumada e enrolada num roupão de veludo negro...
É como uma tarântula ornamentada,
Que pinta as unhas...de um vermelho sangue...vivo..
Pinta-as como quem pinta o silêncio
E sopra-as para secar o verniz
Como quem sopra para secar o medo.
O silêncio, é como uma flor arrancada de si
Que é preciso pintar...de vermelho sangue...vivo...
Para que a sua cor berrante empalideça o mundo...
E também para que essa flor silenciosa não perca a cor....
Ela, veste as pétalas com esse verniz vermelho sangue...vivo e polido...
As unhas...agora vermelhas...estão prontas a cravarem-se nas costas do Destino
Que ondula no espaço em volta de si...
Sempre a brincar...como uma semente levada pelo vento...
Esse destino arranhado...


Que se mascara com um sorriso de sátiro lascivo...