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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O vento segredava como um colar de pérolas

Acho que um dia morri nas ondas suaves das tuas mãos
E a minha alma subiu à superfície da água pura do teu lago
Não senti dor...apenas harmonia
Os meus cabelos ondulavam sobre a água
Ignorando a existência dos apagados da vida
O lago tinha nenúfares...e sentimentos...e ervas mortas...
O sorriso corria em segredo no meu rosto
O vento segredava como um colar de pérolas
Harmonia...flores...sentimentos...
Depois ressuscitei …
E soube que não valia a pena perder tempo com amarguras!

O céu não acode aos aflitos!

Olho para o corpo do céu e empurro a minha alma contra ele
Toco com o dedo nas nuvens e nas estrelas...
Debruço o meu corpo para espreitar no mar o céu refletido...
E sinto um arrepio na minha face...
O mar tem olhos, boca, mãos...que também tocam no céu...
Ou serei eu a tocar no mar
E a ver a minha alma refletida nas nuvens mais longínquas?
Essas nuvens que têm raízes...
Que se enterram no mar...alimentando-se dele...
Como o céu se alimenta de nós...
Essas nuvens que morrem desfazendo-se em água...sobre a terra
E nós que morremos desfazendo-nos em vida...sobre nós...
Empurro para longe o meu olhar...a minha esperança...
Mas do longe nada vem...nada responde...
O céu não acode aos aflitos!

Precisa o homem dos milhões que não tem tempo para gastar? Ou precisa o homem de ter tempo para viver?

A sociedade virada apenas para a satisfação dos bens materiais, não contemplando o essência do Homem, estará um dia extinta? E o que aconteceria se todos fossemos livres? Se a Terra se tornasse o paraíso perdido? E se a sociedada da igualdade fosse imposta no mundo? E se o homem pudesse dedicar a sua vida a tarefas que o realizem? Não faz sentido que tendo nós todo o mundo, toda a natureza ao nosso dispôr, vivamos de costas voltadas para a felicidade. Imaginemos que todos trabalham para o bem comum, que todos têm o que necessitam para viver, que não é preciso acumular dinheiro nos bancos porque em caso de necessidade o essencial à sobrevivência está garantido, que todos trabalham mas que todos têm tempo para dedicar parte da sua vida a fazer o que desejarem, que o estado recebe e distribui garantindo em caso de necessidade o bem-estar de todos, que todos são na verdade iguais e recebem consoante as suas necessidades...A questão a colocar é: de quanto dinheiro precisa o homem para viver? Precisa o homem dos milhões que não tem tempo para gastar? Ou precisa o homem de ter tempo para viver?

Sei que escondo qualquer coisa...que desconheço...

Ignoro se existe uma ferida profunda no coração da Terra
Mas sei que existe um arrepio na alma da Terra
Sei que os pássaros voam refletidos na água
Onde apanham o peixe que os alimenta.
Sei que os dias contam segredos amargos
Sei que as gaivotas pairam ao vento
Sei que as flores têm sentimentos
E as crianças dentes de leite...e mel...
Sei que as rochas da costa esperam a primavera
E os segredos um lado bonito.
Sei que os meus maxilares gemeram...quando morreste...mãe...
E sei que a mandíbula da vida nos espreita.
Sei que me enrolo no vento...como uma trepadeira feliz...
Sei que o meu corpo é tocado pela hesitação...de te tocar...
Sei que me agarro ao impossível...acocorado e amargo...
E sei que escondo qualquer coisa...que desconheço

O sistema organizacional do trabalho é uma violência

O sistema organizacional do trabalho é uma violência que é exercida sobre o homem, as tarefas repetitivas, o dia a dia sempre igual são emissores de infelicidade, ora o homem é um ser criativo, que precisa de ter tempo para se libertar dessa rotina e para se realizar espiritualmente. As pessoas dizem que não têm “geito” para nada que seja arte, pois isso não é verdade, essas pessoas não foram educadas no sentido da realização espiritual através da arte, não sabem o que isso é, são analfabetos da arte, e a arte é aquilo que transforma o homem em Deus, porque a Arte é criação e é vida, e passar os dias repetindo gestos que perderam o seu significado não é viver, por isso é preciso uma nova doutrina, uma nova filosofia virada para o Homem secundarizando o económico.

Até o amargo e desiludido inverno nos evita...

Pobres dos que se perdem em templos de regras cínicas
Que nos lamentam...sem nos exterminar a tristeza...
Ninguém quer visitar a tristeza...
Nem os mortos... desiludidos que estão com os vivos
Nem o frio...que nos abana
Nem o gelo pendurado no cabelo
Até o amargo e desiludido inverno nos evita...
E foge de nós como as folhas caídas e arrastadas pelo vento.