Como quem ouve a alegria colorida do Universo!
Passeio a minha solidão pela sombra dos corredores assombrados
A frincha da porta escoa a luz deserta
E a neve cobre tudo o que amei...
Forço os olhos a sentir orgulho na eternidade
E assalto o castelo dos sentimentos tumultuosos....invernosos
O meu corpo afeiçoou-se egoisticamente...
À fatalidade de um céu de pecado...
As coisas benignas estoiraram...como balões na trovoada
E agora...sou a maré que canta ao raiar do dia...
Não ponho os olhos no Cabo das Tormentas
Não me desencanto com os desastres
Não procuro que a claridade me cegue...
Nem me perco perante as multidões
Sou a variável perdida...a música clara que ninguém percebe
Sou a lassidão da graça mais intensa...
Que procura sempre o lugar...
Onde possa depositar o seu corpo
Que amou todos os Invernos...todas as camas... todos os olhos
E todos os desastres...e todos os abandonos...
Como quem ouve a alegria colorida do Universo!