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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Comporto-me como se carregasse um segredo fabuloso

Não me com misturo os sentimentos..
Nem perco tempo com sonhos impossíveis
Sou como um animal...vivo placidamente
Não me preocupo com Deus...não me condeno...
Subo á serra e vejo o horizonte
Falo com o pastor...acaricio o seu cão...como se fosse meu...


Eu não tenho cão...
Pego na rola caída do ninho e escondo-a nas giestas
Sei que os pais virão procurá-la...
Também sei que já sou demasiado velho para ser procurado
Por isso não me escondo...apareço...
Apareço mascarado de diabo simpático...
Como são todos os diados...
Não emito gemidos...
Não me doem as articulações quando me sento na pedra dura
Não olho para trás...
O meu pescoço insiste em olhar sempre para diante
Comporto-me como se carregasse um segredo fabuloso
Faço maldades ao meu corpo...castigo-o...sou carinhoso...
Por isso sou independente de mim...

Catamos opiniões estúpidas como pulgas nas pernas

O que é o que une a nossa vida ao túmulo?
O que é que eleva a nossa alma ao Céu?
Não são os dedos que riscam as palavras
Não são os pés que tropeçam e escorregam na merda
Não são os soluços que saem das frases feitas...
Não são os bancos de jardim.. donos dos velhos
Não é a harmonia do silêncio.
Não é saber que já muitos antes de nós experimentaram a eternidade
Não é saber que nos sentamos na vida
Como num baloiço que balança sempre para a frente...
Que nos misturamos como cães e gatos alvoroçados
Que catamos opiniões estúpidas como pulgas nas pernas
Que às vezes ficamos com a boca seca
Que o Saara já foi verde...
E que fugir de nada vale...pois não há para onde...
O que une a nossa vida ao túmulo..é aquilo que criamos...
É essa a estrada que nos leva lá...
É isso o que nos acompanha aos momentos finais...

Sou um homem como todos os homens

Sou um homem como todos os homens
Um homem raro como todos os homens
Vivo num manicómio em cujos corredores ecoam nobres ideais
Gritos e risos...tudo misturado...
Entrego corpo e alma às exigências do tempo
Não pergunto pelos vermes que comem os corpos
Nem pelos piolhos que infestam os mendigos
Mas estou com eles...sou mendigo como eles...
Mas os meus piolhos são outros...
Os meus piolhos são ideias que me infestam a alma
São cansaços...telhados com musgo...rituais satânicos...
São comportas fechadas nas marés cheias de lodo...
Peixes...carapaças de tartaruga...dramas...
Dedos que traçam regos no teu cabelo
Romances impróprios...leituras raras...enigmas insolúveis...
Emoções que doem na articulação dos dias
Máscaras venezianas...disfarces...
Mas estou sempre contigo...meu irmão sofredor...
Estou sempre ali meu pobre de espírito
Ali... ao pé de ti...à espera do Reino dos Céus...

Sou um ser imperfeito

Sou um ser imperfeito
Uma foto desfocada de mim
Mas enalteço o sol...
Tal como uma pedra...ou um ramo de árvore
Toco na minha pele amolecida pelos anos...
Cruzo os dedos e faço figas ao céu.
Tiro o chapéu às línguas primitivas
Prosto-me perante a música e Buda e Cristo e o vinho...
Tenho tantos anos que já não envelheço
Divido-me entre mim e o meu contrário
Misturo melodias com abraços
Adoro Deus e o Diabo
A verdade e a mentira...o que é a verdade e a mentira?
Tivessse eu sílabas excêntricas para falar
E diria que o nossa cabeça
É uma espécie de chapéu que esconde as nossas ideias
Um lugar onde as frases se misturam
Uma pauta onde se escreve a música assobiada pelo vento!