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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Reminiscências impossíveis e espantadas

Do céu cinzento tombam anjos vermelhos...
Como raios vermelhos...comediantes de hinos...
Choram lágrimas repletas de comédia
Cruzam os céus na tarde quente...
Como crianças libertas do fumo endurecido
Estão no recreio....livres do preceptor...etéreos...
Trazem consigo restos frágeis de homens em ruínas
Reminiscências impossíveis e espantadas
De caminhos largos...de deuses desesperados...
De concertos monstruosos...de hinos selváticos...
Do aniquilamento das noivas...afundadas numa cama de fogo.
Consumidas pelo impossível destino...
Como ruínas de casas antigas e senhoriais

Uma orquídea azul em fogo...

Toco com um dedo apenas... os sulcos do meu rosto
Toco-os para recordar um tempo recoberto pelas trevas
Um tempo impossível...como um bosque azul...
num absurdo dia... fora de qualquer estação do ano...
Ou um mar destemido na montanha.
Sigo essa janela aberta para a meninice
Até atear as lembranças que já são cinza
Até voltar à indiferença dos fortes...e ridículos
Que atiram velhos amores pela janela
Como se fossem maus...
Que fazemos quando somos maus?
Que luto vestimos? Que músicas dançamos?
A quem matamos de desespero?
De que cor são as nossas tristezas?
Ah! eu nunca serei um adulador do poente... sem sol,
Nunca serei um pó branco a pairar...
Nem um candeeiro ao lado da seara seca...
Serei sempre uma fragrância que se desprende
De uma rara orquídea azul... em fogo...
Que arde silenciosamente... no adro do teu campanário!

Como se não tivessem ventre...


Eu sou qualquer um que passa por ti na rua
Eu sou aquele que conhece as caves da tua solidão
Mas não sou aquele que te aponta o dedo
Nem o que espreita na sombra
Sou apenas um louco perigoso
Um louco que descobriu na dualidade do ser
A demência que nos faz ser inteiros e maravilhosos.
Sou aquele que descobriu por debaixo de perfumes austeros
A beleza dos corpos que correm ansiosos...
Implorantes e fátuos...desejados e desarmónicos...
Fielmente convertidos à leis sagradas...
E erguidos perante a tirania ofuscante da beleza...
Como se não fossem escravos da idade
Como se não tivessem ventre...
Como se não implorassem amor
Como se não cantassem... embriagados pelo desejo
Árias... que nas ancas esplêndidas traçam destinos...
E onde enterramos juras!

Sob a embriaguez perfumada e ansiosa

Passo pela minha sombra e não me vejo
Tropeço nela..nessa sombra que um outro eu projecta
E o sol...qual manta que me queima as costas
Dispara sobre mim todas as pragas.
Não sou do tempo ignorado...sou do tempo que corre nas veias
Mas o tempo que me tortura...
A praga que me martiriza
Passeia-se pela noite...nua...tirânica...
Nessa noite...
Em que de todos os lados chovem corpos maravilhosos
De todas as ruas chovem destinos que me cruzam
E todos os meus sentidos escutam músicas...de encantar.
Todos os destinos me estão reservados
Basta-me disparar a correr sem tropeçar
Basta-me escutar a banda que toca louvores à harmonia da alma
E as horas...partidas em pedaços...erguem-se torturadas...
As horas... escravas do tempo...molestadas...
Riem-se como amores que acabaram de tomar veneno...
O veneno que as vai unir...fielmente...
Sob a embriaguez perfumada e ansiosa
De um tempo que não pára de nos assassinar ...