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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Alimento-me de coisas indizíveis...

Tenho uma constelação inteira..nas minhas mãos vazias
Alimento-me de coisas indizíveis...
Coisas misteriosas que escavo nos meus sentidos
Coisas dissecadas pelo cansaço...aflitas e profundas
Coisas que ardem nos olhos...como fogo
Coisas que se passam noutro espaço...sem tempo nem eco...
Porque quase tudo o que se perde...
Perdura no lugar onde não existem palavras.

Ajoelhado perante a altiva palavra...

Á direita da minha janela vejo as folhas despertarem
Vejo fantasmas em cavalos negros que recolhem destroços
Vejo sombras repletas de lama...
Mas...eis que levo ao meus olhos para a praia onde brincam crianças
Em frente às ondas suburbanas
Deslizo como fumo ao encontro dos mastros cobertos de negro
Vou ataviado com a humidade desesperada das lembranças
Dos caixões...das festas nocturnas...das lantejoulas negras...
Vou espantosamente montado num monstro sincero
Florido...brilhante...sou o vento suão a galope...
Sou um absurdo...um miserável adulador dos indigentes...
Ajoelhado perante a altiva palavra...Poesia...

Oh musa apocalíptica e etérea...

Oh musa apocalíptica e etérea...
A quem eu jamais pedirei perdão.
Porque eu não sou o perdão.
O perdão...essa coisa grandiosa e solitária
Cujas raízes têm afinidade com o coração
Só encontra resposta na noite profunda.
Oh musa...o teu vestido de gaze transparente...
Não esconde a tua indulgência
Por isso não te feches num palácio de cristal
Despido de lágrimas e sorrisos.
Separemos as águas...
Sejamos como o Mar Vermelho...sejamos Tibre e Eufrates
Deixando correr livres as águas...
Em direcção aos corações...que perduram ignorados...
E que precisam de uma voz a pairar...
Por isso acendo o incenso...ergo um altar...
E lá ficarás transparente de fosforescência
A iluminar a minha noite!