Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O tempo... custa tanto a passar

O tempo... custa tanto a passar
O tempo... passa tão rápido
O tempo...não tem tempo nem lugar
O tempo...está em todo o lado
O tempo...não tem lado para estar
O tempo...está em nós tão arreigado
Que esquece que somos o seu lar....

Crescemos agarrados à gratidão do sol

Estamos sós ...profunda e intencionalmente sós
Somos tecidos no tear da solidão
Hilariantes como crianças...incontáveis e grandes...
Cheiramos as ressonâncias da vida
Todos os dias são um penhasco rígido
Um novo sonho...uma nova aurora...
Crescemos agarrados à gratidão do sol
Crescemos impressos em emoções
Juízos...tédios...obras de arte...
Não compreendemos a grandeza da paciência
Nem a rigidez inglória da claridade...
Cheiramos levemente a vida...de longe...
A vida que emana um forte odor...
Mas não nos aproximamos dele...
Temos medos...
Medo das aparências indelicadas
Medo da grandeza do universo
Medo da inacessibilidade do tempo.
E assim...Medramos mirrados e inefáveis...
Surpreendidos por escuras emoções
Somos árvores sangrando seiva vermelha
Cães com cio de vida...inconscientes...
Aguardando o nascimento da hora do entendimento...
Como quem espera um parto prolongado..
Um parto que nos faça enfrentar...
A nossa existência misteriosa...

Uma luz irónica ao cair da tarde....

Sento-me num tosco banco de pedra à beira do precipício
Não sinto necessidade de nada...
Nem da falsa simpatia bela e calma...
Nem das coisa profundas...que não entendo...
Estou só...e não me queixo da pura ironia...
Gosto dela...como-a como a um fruto pensado
Tem um sabor insignificante como o destino
Uma grandeza gratuita...um cheiro silencioso a inconsciência.
A anemia que me toldava os sentidos
E que era como uma névoa a cobrir-me de sarcasmo
Fugiu...irritada e pálida...
Perante o sagrado espectáculo da natureza
Afoguei então o meu prazer no ilimitado horizonte
Vacilei entre o riso e as lágrimas
Saudei silenciosamente a graciosidade do rouxinol
E... a minha alma puída...
Encantou-se pelo mais insignificante raio de sol.
As pedras sonolentas espreguiçaram-se com volúpia
Perante o Reino do verde e das sombras profundas...
Esqueci o embrutecimento da cidade decadente...
Dos prazeres afixados em cartaz
Dos editais cronológicos...
Que evocam o pasmo dos livres-pensadores.
Chegado do cansaço...
Compradas as alegrias na loja mais próxima...
Tirados alguns momentos ao delírio...
Vem Satã aconchegar-se aos meus pés...
Queixa-se de que Deus não quer brincar com ele...
Porque Deus não brinca...
É apenas uma luz irónica ao cair da tarde....

Insoletráveis como ressonâncias obscuras

Incógnito... o destino cresce silencioso
Incompreensível...como um perfume raro
Insignificante...como um fabuloso vestido de seda
Tecido por milhares de fios-dias.
Surpreendido...por um sabor cheio de sonhos
Que se estendem para onde as palavras não têm sentido
Palavras esquecidas...
Insoletráveis como ressonâncias obscuras
Penduradas na árvore solitária de ramos secos
Onde aguardam a hora de partir...
Para a alvorada irónica...
Que a tempestade de Verão acenderá
E onde rígidos...solitários...
Nos encontraremos com a gratidão.