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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Quem mostra os países de vozes femininas?

Debaixo de um céu de cinza anilado
Penduradas sobre o peito encapelado
De que falam as medalhas espantadas?
Que dizem às flores as tuas lágrimas opacas?
Quem apaga as chamas que consomem os cabelos?
Quem me mostra os países de vozes femininas?
Quem fustiga as máscaras que debaixo de chuva transpiram?
A chuva...que quando é demasiada arrasta a lama dos homens
E transtorna a cidade...

Procuro o segredo das ondas loucas

Pelas divisões solitárias da casa
Rumoreja uma inquietude..
Que vive abrigada na beleza esquecida da nostalgia
Uma inquietude cheia de fulgores estranhos
Uma inquietude extasiada pelas doçuras da noite anónima
De onde ainda mal ouço emergir os olhos abismados
E já sinto a alma carbonizada
Pelo lume ateado no vulcão do peito esfarelado
Fervo na lapidação do diamante
Corro atrás dos animais e das plantas
Procuro o segredo das ondas loucas
Que depois de desfeitas na areia negra da praia...riem de felicidade
E eu refizesse o meu mundo na chuva antiga...que cai nessa praia distante.

Grutas abismais e antigas...

Meu alfinete de peito aguçado e perigoso
Eivado de sombras subtis
Que dormem na quietude da espuma leitosa
Onde os montes cerrados de nevoeiro não logram alcançar.
Muitos dias passarão...sobre a carne sangrada...sagrada...
Outros fantasmas virão assombrar-me
Outra chuva me molhará os olhos secos de lágrimas
Outra música me carbonizará os sentidos
Outros abismos surgirão do fundo dos vulcões
Outras vozes...outros suores...outras grutas...
Grutas fantásticas que explorarei...
Grutas abismais e antigas...
Que pontes suspensas no tempo suportarão...

Por detrás de um ar distinto...

Rio como um louco que ri
Rio da dissecação da lama aflita
Rio da horripilante lágrima ...que débil tomba no prato vazio
Rio da decomposição das portas fechadas
Atravessadas por sussurros remotos
Ecoantes e pensativos...como matinés enroladas em tédio
E cuja pele é coberta pela cintilação das sílabas mortas
Enquanto os maxilares mastigam silêncios...surdamente
E as palavras se decompõem rápidas e sem aroma
Por detrás de um ar distinto...

Suportando nas costas curvas o céu escarlate

Ecoam surdamente em mim
A voz ...dos biliões de seres pardos que existiram
E que uivando partiram fortes e enormes
Com os seus olhos azuis enlaçados em cabelos negros
Gentis visitantes de outros mundos...
Guerreiros atravessados por oceanos
Suportando nas costas curvas o céu escarlate
Acenderam no horizonte a chama rosa da esperança
São esses os seres que desembarcaram em nós.
São esses os seres... que somos nós...