Enquanto não existir em nós a harmonia
Enquanto não existir em nós a harmonia...nunca nos poderemos encantar com as melodias que outros entoem....
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Enquanto não existir em nós a harmonia...nunca nos poderemos encantar com as melodias que outros entoem....
Não me quero salvar porque há aqui muita beleza
Não me quero salvar porque há aqui muitos regatos
Não me quero salvar porque há aqui muitos sussurros
Não me quero salvar porque...não há aqui muita solidão.
Chega de estrelas nascendo nos degraus molhados
Chega de conchas navegando na onda que apita ao ouvido
Chega de corpos voluptuosos e atmosféricos
Que lentamente chegam a terras desconhecidas.
Chega de aquedutos que vão dar ao exílio
Chega de exílio e de brisas silenciosas trazidas pelos aquedutos
Chega de horas magras e desfiguradas pela eternidade
Essa eternidade silenciosa que reconhece no céu... o silêncio
Essa eternidade exilada na demora em ser...eterna...
Que bonito é o mundo das coisas estranhas
Das rochas escavadas pelo passado..minadas de nostalgia
Das cascatas com limos escorregadios e acidentais
Das visões que culminam na plenitude de um rosto fechado...
Embalado...pronto a ser pesado...selado...
Que bonita a partilha dos grandes espaços
Que bonitas as colecções de quadros de ponto cruz...crucificado...
Que feios os restos ocultos da luz turva e cheia de enigmas preciosos...
Como se à luz turva... dessa luz...
Fôssemos apenas Lua Cheia...
Que não perde tempo a iluminar os seus dias!
Tudo o que fazemos...fazemos sós...talvez seja esse fazer a sós ..a imensa solidão que une os homens...
Chove sobre os nossos olhos ...que dançam sobres as campas rasas
Ao som dos nossos crimes...
Chove sobre as campas rasas... que discretos olhos fazem céus ...
Chove sobre os nossos corpos rígidos
E sobre os nossos destinos emocionados
Destinos que pendem como frutos na árvore dos dias...
Chove sobre os nossos corpos inventados
Colocados nos ramos dessas árvores adormecidas...em cores frias
Que ofuscadas pelo tamanho das honras apodrecidas
Ostentam medalhas de mármore...
Castanho...rosa...branco...negro...
Chove sobre os nossos corpos descarnados...que perguntam
Pelo sexo do corpo... sem dentes e sem imagem...
Qual foi a maldição fraternal que inventou a beleza?
Qual é o universo onde dançamos... imaginários?
Que afeição trabalha os cálculos impacientes?
Que fortuna imbecil reflecte a nossa dança?
Que riscos não corremos para ouvir um espírito musical?
Áh! Guerra fraternal de nós...
Áh! Guerra fingida apreciada pelas crianças...
Áh! Japonesa de olhos rasgados que levanta voo pela colina
Áh! Dupla razão de existir e de inflectir....
É sempre tempo de inflectir...reflectir
É sempre tempo de enviar imagens de luz para o universo
Simples raios de luz que ficam a pairar na eternidade
Como olhos sufocados pela força dos lábios!
O poeta não é um ser banal. O poeta vive dos encontros e desencontros, das alegrias e das tristezas, dos amores e desamores, da dor, do prazer, do sofrimento...para o poeta tudo isto são dádivas que a Vida lhe oferece... pão que alimenta a poesia e o poeta...No fundo o seu alimento...é a própria Vida.