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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Cruzar as pernas e iluminar a noite!

Rente à manhã nua corre plano o rio
Tiritam gaivotas de prata sobre os barcos ancorados
Árvores de comédia começam a despir a gaze de nevoeiro
E os glaciares são enganados...
Pelos acordes das brisas que sopram da multidão
Não há cabeças enfeitadas com flores
Não há idílios nas aves que pairam ao vento
Não há pontes... nem flautas... nem luzes...
Os mistérios líricos...saem acompanhados pelas tentações de Afrodite
E os estúpidos perdem-se pelas teorias equívocas
Os abetos abrem fendas por onde passam as avenidas
As fraquezas emocionam-se...as bebidas inspiram a arte
Tudo é comédia de cores quentes...
Amarelo torrado de emoção...Van Gogh soltou as amarras...
Vales rupestres exibem bacanais de cabras montesas
Os tectos curvam-se perante a passagem de Artemisa
E as bebidas continuam a correr pelos acordes orientais.
Não venho eu repleto de luz bárbara?
Não venho eu viver...sobre a ponte de madeira que conduz às areias movediças?
Não venho eu iluminar os negros mistérios...
Que planam ociosos sobre as naus quinhentistas?
Áh! se eu fosse uma criatura perfeita...
Áh! se eu tiritasse de frio sob os ramos nus das árvores decadentes...
Áh! se suspendesse a minha cabeça sobre o abismo fraternal...
Ou se eu fosse um obscuro passante com um tambor a tiracolo
Ou um tocador de realejo imprevisto...
Que circunda as matas pueris e... depois...como um mestre Zen...
Faça parar o tempo...Cruzar as pernas e iluminar a noite!


Com uma força invisível...

Na varanda alpendrada...decorada com cabelos de prata anilada
Reside a sentimental paixão que avassala
Reside a boca escavada da ilusão... carcomida pelo enjoo
Que me disputa um lugar no trono de marfim...mas...
Tem que passar pela claridade asseada do sofrimento
Que...encerrado nas masmorras feéricas da indignidade
É como um anel que adorna o dedo... engana-o...e prende-o...
Com uma força invisível...

Como se fosse levado...pela barbárie respeitosa do átomo de Fukushima.

Levantei-me como se nunca me tivesse sentado
Respondi de pé às vozes exiladas
Que me perguntavam pela perfeição inquieta
E pelas criaturas sonhadoras....
Onde está o egoísmo que impaciente clama pelas multidões
Onde estão as vozes da fraqueza
Onde estão as flores que cantam melodias
Tudo foi levado da natureza...
Como se fosse levado...pela barbárie respeitosa do átomo de Fukushima.
Todas as adolescências foram impotentes
Todas as tentações foram permitidas
E todas as possibilidades foram uma arquitectura amorosa.
Correrás para as emoções como quem vai para um tesouro
Disse-me a Terra fraternal...
Irás devorar as memórias ausentes...como um exilado...
Porque já nada há que ver na ausência encolhida do orgulho
Porque os seres perfeitos perderam as formas
Porque a primavera adormeceu dentro das flores
E Pã já não toca a sua flauta...
Mas as engenhosas melodias nocturnas
Continuam a caçar os incautos seres da floresta...
Que me espera?
Lá onde encontrarei o mundo quando partir
Lá onde me sentarei com o sol
Lá onde ouvirei o canto coralino das maldições harmónicas
Lá...onde me sentarei ... como se nunca me tivesse levantado!