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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

E encontrar-me... colado ao corpo sagrado da loucura....

Conheço o desprazer das guerras e os estalos da lenha no fogo
Mas não conheço o que faz os ódios pesarem mais que os paraísos
Conheço as tatuagens devoradoras que indeléveis nos marcam os dias
Sei que o frio vem do desencanto e os urros são espasmos do chão... pisado
Conheço a remota glória do brilho das jóias apagadas
Sei que a ventura será reinventada algures... em plena rua..talvez...
Conheço os espirros que saem das casas...bêbedas...
Sei que as estrelas se põem especadas nos beirais das casas... desabitadas
Conheço a verdade...porque não a conheço...e cada um tem a sua...
Agora que conheço isto tudo...quero encontrar-me nas espeluncas...
Dormir nos lajedos...enterrar-me no frio...brindar às despedidas da razão...
E encontrar-me... colado ao corpo sagrado da loucura....

Eu sei que não sou desses

Fui engolido por um céu sem cor
Sou o índio primitivo que descalço e nu espera na praia
Mas não sou desses... não me apedrejem...que não sou desses...
Nasci de um delírio como um escravo doido
Não tenho culpas no mundo...eu vou onde o mundo vai...
Já fui um esqueleto sério...um torturador de quimeras...
Já me faltou o ar que por delicadeza me deixam agora respirar...
Sim...fui seduzido pelas almas penadas...mas não sou desses
Já espanquei os misteriosos ossos da adivinha
Já dancei no adro...já fui expulso do inferno...mas não sou desses
Perdi o tino porque as virgens eram doidas...depenaram galinhas...
E mandaram-me apertar o pescoço à infâmia e a ao escárnio
E eu fui...mas não sou desses
Segui atrás do coração...do frio...e das margens acolhedoras do fogo...
Brilhei perdido...reinventei-me... e agora sou da raça dos devoradores...
Dos brutos..dos insensíveis...dos cruéis...
Sigo os humanos que cavalgam os seus demónios...mas não sou desses
Bebo o meu sangue frio em cálices de cristal...alimento-me...
Mas eu... que não sou desses...permaneço...silencioso e ausente...
E sei que não sou ninguém!

Como se a infância dos sentimentos tivesse começado agora.

Enganam-se as coisas reais...perante as montanhas vazias
Enganam-se os castelos solitários varridos pelo vento sueste
Enganam-se os que se despenham nos ruídos distantes
Quando a presença é eco e harmonia...
Enganam-se os desejos de grandeza
Enganam-se os sustos e os medos... da solidão
As coisas são reais...as presenças são reais...a ânsia é real
As circunstâncias fazem correr o sangue apressado
Como se fosse invadir uma paisagem inóspita
Como se a realidade não fosse um esforço de grandeza
E como se a infância dos sentimentos tivesse começado agora.