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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Resta-me a perfeição idiota do meu inferno...

O vento açoita furioso... o silêncio
Pálidas as pedras querem conversar...mas as casas não são amáveis...
A noite vigia as palavras...
Os telhados mutilados pelas ambições...
Recortam-se no fundo de um céu negro
Onde as estrelas sufocadas pela peçonha
Se cobrem de hinos pagãos...
Mutiladas as ambições...vencidos os demónios...
Resta-me a perfeição idiota do meu inferno...

Alfama (popular)

Quem és tu Alfama que andas nas ruas esquecidas da noite feliz
Quem és tu Alfama que te encontras comigo junto ao chafariz


Quem és tu Alfama que vestes o xaile na alma a sangrar
Quem és tu Alfama que de mim fazes no baile o teu par


Quem és tu Alfama que moras no fado das tuas vielas
Quem és tu Alfama que regas as flores que enfeitam janelas


Mas tu és Alfama de sagrada beleza como eu nunca vi
Tu és o caminho de mistério sem par  onde me perdi

Os homens...símbolos de berços de mães extasiadas

Na ânsia de superar o tempo
Cavernas e sombras disputam trémulas querelas
Os dias são pedaços de esperas...
E a claridade da manhã mostra as vítimas da noite
Os homens...símbolos de berços de mães extasiadas
Símbolos da Criação... misteriosa...sagrada..
Veneram fantasmas...humidades...cavernas...
Edificam o presente como um sopro desagregado
E pelos livros pálidos...bebem papões tóxicos e alienados
Livros que os fazem vítimas deslumbradas.
Que venham de novo os sarcófagos e as pirâmides
Que venham os símbolos do sol...acordem-nos...já...
Para que os seus sopros de mistério
E os seus odores a incenso...
Se abram aos nossos grandes olhos desfocados!

Vejo o eterno espelhado no lago!

Partiu o encantamento que o verão trouxe no seu corpo quente
Dispensem-me os sermões...
Porque o inverno trouxe a chuva que acalmou a poeira
Não procuremos nada nos oráculos...fantasmas...
Nem rosas no céu escarlate...
Antes disso chega o negro Cipião...
Vindo da batalha...ensanguentado...
Mas pronto a marchar ligeiro
A galopar explosões de noites dúbias
A procurar recompensas simples...
Para meu grande orgulho...vejo o eterno espelhado no lago!

Eu... que fumego por todos os poros...

Dou a mim mesmo a esmola dos mendigos
Abro o meu caminho...sóbrio...sem lar...
Pois não quero perder esta carícia do vento
Abençoo as minhas dores nas costas...desprezo-as...
Abençoo a luz... a força..e o movimento...
Sou para mim mais altruísta que o bom tempo
A minha maior parvoíce...foi querer ter um tecto...a fumegar...
Eu... que fumego por todos os poros...