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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Eu não faltarei!

O universo partiu-se em dois...e eu...fiquei na metade escura
Mas..não! Eu não faltarei!
Não faltarei aos mutilados nem aos reféns
Não faltarei aos lugares onde a luz é mais sombria
Não faltarei aos lugares onde os piolhos infestam as almas
Lá estarei a enxugar as lágrimas da podridão
Lá estarei a apaziguar os esquecidos e os que vivem no infortúnio
Não ! Eu não faltarei
Não faltarei à hora dos ajuizados
Que...em banho-maria... fervem semi-mortos
Lá estarei a aquecer a água que lava os vícios
Lá estarei onde a loucura encontra a pureza
E onde os imbecis e os avarentos dão pinotes
Será este o meu fardo...um cofre cheio de paraísos...
Que... mergulhado na sombra...
Distribuirei pelos meus irmãos de miséria...
Ao lado de quem viverei de bom grado
Amparando esses Cristos esquecidos...
E não! Eu não faltarei...
Estarei lá no hora de carregar aos ombros os sensíveis
Estarei lá na hora de fazer reféns os dias negros
Estarei lá na hora soalheira do desaire
Estarei lá na hora de morder o suplício e a amargura
Porque me foi concedido o inferno...
E agora é tempo de enxugar as lágrimas ao paraíso....

Deixei a porta fechar-se sobre o Outono

Deixei a porta fechar-se sobre o Outono
Encolhi os ombros ao som dos sinos que repicavam
E a minha atenção voltou-se...
Para as paredes desocupadas...de palavras doces...
As tempestades não assustaram a melancolia
Os trovões feriram o ar como foguetes incómodos
E as árvores....penosamente impressionadas...
Choraram seiva azul...era o fim do esplendor...
Mas...os teus contornos...intactos...
Ficaram a arder ...como fogos fátuos...
Nas minhas mãos que rodopiavam em teu redor
Como se fosses um bailado incoerente
Em que os pés emitissem sons roucos e abafados
Irónicos...amargos...como fogueiras...
Que me queimavam os olhos fechados... esvoaçantes...
E que procuravam no aroma do teu perfume...
O meu corpo imolado...em ti...

Deixei a porta fechar-se sobre o Outono

Deixei a porta fechar-se sobre o Outono
Encolhi os ombros ao som dos sinos que repicavam
E a minha atenção voltou-se...
Para as paredes desocupadas...de palavras doces...
As tempestades não assustaram a melancolia
Os trovões feriram o ar como foguetes incómodos
E as árvores....penosamente impressionadas...
Choraram seiva azul...era o fim do esplendor...
Mas...os teus contornos...intactos...
Ficaram a arder ...como fogos fátuos...
Nas minhas mãos que rodopiavam em teu redor
Como se fosses um bailado incoerente
Em que os pés emitissem sons roucos e abafados
Irónicos...amargos...como fogueiras...
Que me queimavam os olhos fechados... esvoaçantes...
E que procuravam no aroma do teu perfume...
O meu corpo imolado...em ti...

A comer-me o coração!

Lembrem-me de como eram as montanhas e os ventos
Os silêncios...as espadas...o espaço
Lembrem-me das coisas reais como a grandeza e a raiz das plantas
As emoções... o sangue..e o consolo
Lembrem-me de como eram os dias serenos
As alegrias...o tempo profundo...sem fundo...
Lembrem-me de como eram as magias..os dias cheios... de dias..
As palavras simples...a perplexidade... o desconhecimento
Lembrem-me de como eram os portos e os esplendores do sol
Os barcos...os náufragos...as ervas daninhas...
Mostrem-me as tristezas maiores...as novidades interiores..
A grandiosidade das conchas...o mar...os corações desnorteados...
Lembrem-me de como eram as histórias antigas
As inóspitas fadigas...o canto dos pressentimentos
Os anónimos sentimentos...o consolo ansioso...
A harmonia do vento suão...a passar dentro de mim...
A encher o meu espaço de ecos...a agitar-me o sangue...
A comer-me o coração!

Sejam claras e límpidas florestas ….

Vejo as coisas vulgares com olhos de alquimista
Os meus sentidos são gatos …de olhos dilatados pelo escuro
É preciso que nos habituemos à escuridão
Para depois podermos ver os alegres dias
É preciso que percebamos que estamos todos de olhos cerrados
Perante a sonolenta tempestade interior ...
Mesmo que a terra vibre e o sol se torne branco
Mesmo que os relâmpagos iluminem a nossa palidez
Mesmo que os nossos punhos apertem as nossas noites negras
Mesmo assim...é preciso que as nossas regiões obscuras da alma..
Sejam claras e límpidas florestas ….
Onde nos embriagamos de deslumbramentos
Onde mandamos calar a resignação
Onde olhamos o nosso cadáver com a devoção visionária
Que faz a inquietação comover-se ...de perfumes!