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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Onde se exibia o meu coração triunfante...

Afogo-me lentamente num círculo de nenúfares
Não respondo à chamada...que esbaforida se cala...
Porque estou destinado aos soluços gastos
Persegui os dias...como se fossem lugares sem pressa...
Vacilei nas pontes suspensas...abissais
Desequilibrei a morte...e diverti-me com os seus esgares
Não disse palavra ao deserto...das palavras...
Subi à torre altaneira e olhei para onde estava o meu corpo...vazio...
Convidei estranhos para me visitarem naquele palco...
Onde se exibia o meu coração triunfante...
Fui glória!

Construídos sobre íris cristalinas...

Venham a minha casa...convido todos os desertos...
Sentem-se na minha cama...cruzem as pernas no meu tapete persa
E bebam do meu veneno...destilado de flores que nunca murcham...
Tragam os vossos olhos bem abertos...
Protejam os vossos corações com gazes perfumadas...
É tempo de me conheceram...sou o cimo da serra...
A mesa e os pés... da cama...sou a flor aquática do charco enegrecido
Sou a guerra que clama alto pela paz...a porta sem aro...suspensa...
Vacilo entre a ausência e o ruído seco dos meus ossos brancos
Tropeço nas cartilagens austeras do sofrimento...
Medito sobre as coisas simples...como a morte...
Que simplicidade há na morte...ao contrário da vida...
Ah! e as flores?..as flores...que iluminam a clausura e protegem a alma
As flores que crescem por cima dos armários...como jardins suspensos
Que atravessam as janelas inacessíveis do olhar...encantando-o...
Que derrubam preconceitos e clamam pela beleza... ausente
Que insólitas visitam os corações...abrindo-os...florindo-os...
Como primaveras sobre palcos estreitos...
Construídos sobre íris cristalinas...

Durante muito tempo segui as flores nocturnas

Durante muito tempo segui as flores nocturnas
Flores feitas por mãos de linho... tecido em teares negros
Por todos os lados ouvi cair a água cintilante
E em todas as gotas brilhavam estrelas...
Cujas as imprecações... eram feridas abertas em punhais
Fugi destes paraísos...varri-os com a minha vassoura couraçada... de ti
Porque tu...eras como uma criança a crescer em mim...
Desfolhando-me...depenando-me....
Fabulosamente sentada à minha porta...
Que eu...envergonhado...tinha medo de abrir!

Com um misterioso suspiro de tragédia!

Desprezo a volúpia bem comportada
Porque também eu fui uma ponte suspensa...vacilante
Sobre a profundidade da loucura
Também eu comi as trevas e o trevo...que não dá sorte...
Também eu adorei o fogo que me consumia..velado...maligno..
Mas... como um alucinado...viciado.. procuro mais fogo... suspirante..
Que me consuma numa orgia de comédia... grega...sonâmbula...
Um fogo que me perfure os olhos...que me cegue...
Que me abra as trevas húmidas..desproporcionadas de espanto...
Porque sou feito de todos sentimentos...e todos os sentimentos são feitos de mim
E porque amo todas as coisas na mesma proporção
Porque o mal e o bem são missas sem altar...
São buracos abertos na cor violeta das manhãs
São ferocidade e trevas...são espantos que o homem bebe...
Com um misterioso suspiro de tragédia!

Foi um beijo rápido como um olhar

Foi um beijo rápido como um olhar
Uma embriaguez delirante que nos uniu...
Uma ponte de fios de seda... indestrutível ...que nos ficou a ligar
Uma brisa que caridosa e serena...que ambos conservamos aprisionada...
Nos nossos corações...


Como um sentimento preso... no interior de um âmbar...

Como se fossem auroras de esperança....

Em Cascais...depois dos concertos
Éramos engolidos pela maresia que soprava da Boca do Inferno
Sentávamo-nos nas falésias...como criaturas primitivas...
E aguardávamos que o imenso oceano nos trouxesse a alvorada...
Que era servida numa bandeja dardejante...polida e cristalina...
E cujos silvos laranja alimentavam os nossos sentidos...
Como se fossem auroras de esperança....

Como se fossem auroras de esperança....

Em Cascais...depois dos concertos
Éramos engolidos pela maresia que soprava da Boca do Inferno
Sentávamo-nos nas falésias...como criaturas primitivas...
E aguardávamos que o imenso oceano nos trouxesse a alvorada...
Que era servida numa bandeja dardejante...polida e cristalina...
E cujos silvos laranja alimentavam os nossos sentidos...
Como se fossem auroras de esperança....

Guardo-te em mim...como o aroma da maresia na manhã fresca..

Guardo-te em mim...como uma impossibilidade embriagada de mistério...
Guardo-te em mim...como um aroma suave que a vida aspergiu...nas areias da praia
Guardo-te em mim...como a humidade da noite...aconchegada no saco-cama...
Guardo-te em mim...como o aroma da maresia na manhã fresca...
E que corria contigo..ambas nuas ...no areal
Enquanto eu...eu era o vento que te acariciava os poros...e te desgrenhava os cabelos...
E hoje... sou um buraco imenso...velado...onde te afundo em recordações....