Esvoaçam em meu redor carícias perfumadas por prazeres cruéis
Prazeres lançados como açoites sobre frias recordações....sagradamente obscenas...
As horas dormem...clarividentes... sem remorsos...no teu regaço
E eu...sou um fantasma que te visita...de olhos fechados...
E me imolo... rodeado pelo teu fogo...

Regresso sempre ao silêncio....como se ele fosse um puro reflexo de mim
Recolhido...oculto-me na espera....como um fruto maduro
Concebido na pureza da minha sombra...
Ou como um caminhar sobre um incêndio que a minha alma ateia...
Cresce à minha volta a perfeição do mundo solitário...heróico...
Tal como são todos os solitários...heróis escondidos...no seu interior...
E que contam com a plenitude dos seus tugúrios...
Para procurar a imperfeição das coisas...ou a sua beleza...ou o seu caminhar...
Onde nada é mais que o silêncio...
Nada é mais que a parede onde a nossa sombra se reflecte...
Nada é mais que o nosso escudo...feito de sol que brilha na escuridão...
Nada é mais que o nada que paira no presente...passageiro e pleno...
Nada é mais que a página...a letra...a queda..
O olhar para...a ascensão perfeita da alma!

Talvez apareça...um dia...um lápis afiado..que dê vida a uma história...
Que depois os pais voltem a contar aos filhos...na cama...
Sem apresentarem o ar enfastiado ...por terem deixado o computador ...solitário,,,

Agora existe a moda de pôr nomes de pessoas aos cães...um destes dias, vinha eu a sair da biblioteca da minha cidade cuja porta dá para um parque, e oiço uma senhora com voz autoritária a chamar pelo meu nome...voltei-me e...afinal não era eu...ela estava a chamar o seu Lucas de estimação...só me faltou cair no buraco, como a outra da publicidade...mas o nome mais extraordinário, mais estranho e carismático que ouvi chamar a um cão,(neste caso cadela), foi...Vida...a senhora no parque passava a vida a chamar pela Vida...Vida anda cá..Vida ..deixa o menino fazer uma festinha...Vida.. não vás para a estrada...Vida.. olha que eu ponho-te a trela...etc...Vidas...de cão....