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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Junto à fonte obstinada do esquecimento!

Não! Não estou cá para comer glórias
Nem para vestir ridículos corpos ausentes
Eu devoro as fogueiras...com crueldades remotas
Ajeito-me com o demónio...sou a infâmia em primeira mão...
À lareira reinvento o gelo...retalho as estrelas mais pesadas...
Em mil pedacinhos...faço-as vibrar ...e girar...
Desgraçadas das despedidas que me encontram no caminho
Esmago-as na terra preta...
Porque eu sou a loucura disfarçada de anjo adormecido...
Tenho a ternura diabólica dos enfeitiçados...
A minha alma está coberta por tatuagens
E a minha rua é um arsenal de espeluncas e bebedeiras...
Não dilacero o meu espírito com espasmos raivosos
Não me preocupo com jóias sem brilho..
Gosto de morder a terra...cobri-la de trabalhos forçados...
Gosto de percorrer as ruas escuras...e assustar mortalmente os transeuntes
Embruxado por um céu sem sombra...
Dou urros e assobio para dentro das casas...
Depois..deito-me para repousar...
Junto à fonte obstinada do esquecimento!


 

Como uma tarde que abraça o sol caindo no ocaso...

Deixo ficar na paisagem do tempo...a minha janela aberta para os abismos
Onde reconheço a auréola matinal...que viaja sem direcção...em todas as direcções
Saúdo o sol...como se fosse uma cabana solitária à beira de um lago...
Estico os olhos para o raio de luz que atravessa a parede...
Porque a janela escureceu e os sussurros que me rondam...não se sentam a meu lado...
Ah... pudesse eu poisar na sombra taciturna do teu olhar...
E as estrelas nocturnas acenderiam as suas luzes...para nós...
Os mochos e as corujas...entoariam cânticos...
Como se fossemos um vulcão expelindo lava cor-de-rosa...
Que... ao deslizar pelas suas vertentes inclinadas...
Se mistura...una...ardente...incendiando todos os nossos demónios...
Numa orgia de fogo rosa...que acaricia os nossos medos...
Como uma tarde que abraça o sol caindo no ocaso...

Não quero mais este peso sobre as costas

Não quero mais este peso sobre as costas
Não quero mais este tempo persuadido de abutre
Não quero mais estas trevas escorrentes...do negrume da noite
Não quero mais ser a sentinela...do corpo frio....
Quero percorrer...saturado de volúpia e de ombros nus...como um budista melancólico
O caminho lancinante do esquecimento...
Os anos cheios de pequenas coisas
As noites negras...as lágrimas doces e profundas...
Por isso...não me tragam mais anos...não quero mais dias
Nem trevas atraentes...nem caridades enfeitiçadas
Deem-me espaço e tempo...luz e movimento...
E eu farei de uma cabeça tenebrosa...algo vago...
Como uma harmonia...ou um sentimento imenso...
Uma banalidade... ou uma ideia atroadora...
Uma bela ambição...ou um espelho reflectindo navios...
Uma aversão...ou um fogo triste...
Usarei todos os saberes...em todos os momentos...
Em toda a profundidade do oceano...
Em todo o sentido da existência...
Em toda a tenebrosa melancolia dos cadáveres...esquecidos...
Em todo o poder atroador da nostalgia...
Farei tudo o que quiserem...
Atravessarei uma auréola flutuante
Apanharei uma língua caída na lama
Repousarei num uivo...ou num sorriso largo...
Comerei a minha aversão à vingança...
Mas...não quero mais peso sobre as  costas....

Pergunto à nova hora o que faço aqui

Pergunto à nova hora o que faço aqui
Corpo e alma desertos de nascimento...superstição e demónio...
Que música cantarei nos céus...se não sei cantar
Que sabedoria apresentarei a Deus...se nada sei...
Quem lá adorarei...se tu lá não estás...
Que tirano encontrarei sentado para me amaldiçoar
E para me dizer que ganhei...a paz....


Mas...digo à nova hora o que já não faço aqui
Digo-lhe que já não vejo natais nem luzes...
Digo-lhe que já não oiço os desertos
Digo-lhe que já não amaldiçoo a vida
Digo-lhe que já não ranjo o dentes quando não te vejo
Digo-lhe que as minhas queixas...de mendigo...
São o sangue seco que jorra dos cânticos
E que eu já não sou um arbusto...
Plantado em solo infértil...

Pergunto à nova hora o que faço aqui

Pergunto à nova hora o que faço aqui
Corpo e alma desertos de nascimento...superstição e demónio...
Que música cantarei nos céus...se não sei cantar
Que sabedoria apresentarei a Deus...se nada sei...
Quem lá adorarei...se tu lá não estás...
Que tirano encontrarei sentado para me amaldiçoar
E para me dizer que ganhei...a paz....


Mas...digo à nova hora o que já não faço aqui
Digo-lhe que já não vejo natais nem luzes...
Digo-lhe que já não oiço os desertos
Digo-lhe que já não amaldiçoo a vida
Digo-lhe que já não ranjo o dentes quando não te vejo
Digo-lhe que as minhas queixas...de mendigo...
São o sangue seco que jorra dos cânticos
E que eu já não sou um arbusto...
Plantado em solo infértil...

E... porque és tu... que me salvas!

Quero que grites o meu nome...que berres...que urres...
Quero empurrar-te contra a parede...
Quero que deixes lá a marca as tuas unhas..nos sulcos... como rios a escorrer
Quero que o teu verniz negro lá escreva...prazer...
E quero tudo isto... porque é por ti que ponho os olhos nos dias
É por ti que invento palavras...
É por ti que eu subo...a esta pedra altiva...
E... porque és tu... que me salvas!