Como um diamante ardente!
Nasci de um dia longo...junto à base do arco-íris
Acreditei nas cores..no sono ...e nos cantares...
Acreditei na fraqueza...no mar...e num mundo ilimitado...
Sem confins nem perigos...
Fui um anjo perseguido por uma matilha de cães...
Um nómada que se esqueceu da viagem...
Um fantasma débil...um espinho...uma mente...sombria...
Fui pajem de cortes fictícias...com pinturas venturosas
Sonhei com viagens...e revoluções de verbos esmagados...
Dissipei os meus remorsos...cantei com os galos...
Fui um verme abraçado a uma história de amor...desmedida...
Rebolei-me nos espinhos...e consolei-me com as dores das vogais trituradas...
Fatalmente cruzei a luz natural...e vi um alquimista no fundo de um lago.
Onde sobriamente conduzia o seu coche em direcção ao céu.
Fui sombrio...nas ruas da cidade apagada...
Fui inacessível...como uma religião desconhecida..
Habituei-me à febre...às larvas...a todos os sofismas...
Fiz crónicas inflamadas em salões sem história
Forneci corpos à alucinação...e santos às mesquitas...
Movi os continentes ao som de tambores...inventei magias...
Sacralizei a alucinação do espírito...e a desordem das consoantes...
E acabei queimado numa ruela fétida...
Como um diamante ardente!