Depois de comidas as amoras...
Era uma bruma de esperas ...um silêncio de coisa
Uma melodia arrastada...um coaxar de rã
Era um ar a passar...ligeiro...por entre as folhas soltas do livro
Era um ai....um silvo...uma vingança...sórdida...
Nada me foi dado...em tudo fui um salteador
Porque sabia que vinham aí os palácios onde os amores se crucificam...
E que no silêncio branco...brutal...ácido...
As sombras invejavam os danados...
Pestilentos ais de sangue..duro...escorrido...
Apagavam as visões cobertas de vergonha
Era o fogo pregador do castigo...que cansado...vinha dormir na espuma
Há que manter o passo...travar a batalha...
Brutalizar a brisa....despir os sem-vergonha...
Pô-los ali...nus...carregados de silvas...
Depois de comidas as amoras...
Que verdade existe num corpo?
Que som tem o riso do inferno?
Que prazer têm os velhos?
Ah mãos amigas que me tocam
Ah vergonhas escondidas na aurora
Um dia seremos cidades...rigorosas e plenas...
Um dia veremos a claridade da paciência
Arderemos num inferno de mulheres-anjo
Hipócritas os que afirmam saber verdade
Hipócritas os que dizem conhecer o Inverno Divino
Hipócritas os que dizem que os galos não acordam os dias
Onde eu me agarro-me a esse brumoso céu...
Em que a nossa barca vagueia sem destino!