A plateia está deserta!
Bebemos pelo árido cálice o espectáculo trágico da vida
Secos e poeirentos vales nos procuram
Somos personagens-poeira numa tragédia prodigiosa
Procuramos o espelho que nos mostre a perfeição da alma
Mas ela não tem forma nem perfeição...
Somos eternamente construção-destruição
Somos espectros de animais...larvas ainda em crisálida...
Tememos o cenário que o nevoeiro esconde
E as figuras que o sol criará na hora da ceia nocturna
Procuramos incessantemente os Lázaros que ressuscitarão dos sepulcros luarentos
Perguntamos em que imensos cemitérios nos acolherão nos céus
Enchemos folhas de papel com odes apagadas
Tudo isto porque não podemos contemplar...
O riso incandescente dos anjos negros!
Tragédias...orgulhos...nada...
A plateia está deserta!