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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Ser criança....

Como te poderei explicar... criança
Que as ruas são caminhos inclinados
Que as abelhas fazem mel desesperado
E que as lágrimas são tristezas emprestadas
Que os perfumes são prados de roseiras
E o calor que sentes à lareira
São os cotos das árvores decepadas
Que as orquídeas choram quando as cortam
Que a pureza és tu maravilhada
Que os teus gestos lindos me transportam
Aos tempos do viver no paraíso
Onde as histórias contadas me recordam
O imenso fascínio do teu sorriso...

Dos mistérios quero ser o seu amor

Peço hoje às ruas para que não guardem os meus passos
Peço hoje aos barcos para que levem o meu grito
Peço às janelas para que se abram ao meu olhar …
E o derramem sobre todo o infinito
Peço aos ouvidos que respirem sons de sinos
Que os espalhem pelos olhos que não vêem
Peço uma parcela de acalmia ao furor
E à nostalgia um som profundo de calor
Dos olhos doces quero beber lágrimas
Quero apanhá-las com a língua da ternura
Quero juntá-las num cantinho acolhedor
Dos mistérios quero ser o seu amor
Que para além do tempo sempre dura.

O cianeto dos dias

Noite estrelada... abre-me o magnificente pórtico da ilusão
Deixa-me ser um solene espectador...
Deitado na rua sobre letras de cartão
Que venham as comédias e os apóstolos
Que passem por mim as justiças …
Que escrevam em letras garrafais que eu sou o injusto...
Nada...nada fará de mim um santo...
Nem a minha comédia de filantropo fugindo ao castigo
Nem o meu rosto de morto-vivo
Nem a minha rota de saltimbanco do eterno...
Nada...nada fará de mim um santo...
Já paguei...já pus e tirei a minha máscara
Já subi do abismo...já fui o inconsciente que escorraçou o Diabo...a troco de nada...
Agora...convivo com anjos e demónios...
Conheço-lhes as manhas contemplativas...
E sei que todos os demónios são anjos-demónios
Agora...deleito-me espreitando as máscaras e os vivos
Deixei de carregar o passado como se fosse um castigo
Escorracei a nostalgia... sei que há um céu apaixonado...
Que todos os dias me mostra a caveira
Que carrego como uma lembrança do cianeto dos dias
E que todas as manhãs a tenho que ressuscitar para a vida!

Traziam esplendores azuis e brancos

As vagas vinham até nós com volúpias majestosas
Traziam esplendores azuis e brancos
Como se fossem segredos profundos
Ou como gritos doces que a lua enviava para o coração
Lá longe ...pressentia-se o abismo como se o mar se transfigurasse
E nos recebesse com magias e leitos
Onde pudéssemos adormecer num mar feito de cânticos
E as nossas dores fossem milagres erguidos sobre os sonhos
Onde enlaçávamos gemidos...
Que o mar secretamente guardava....