Reluz...reluz...reluz …
Diz-me que dúvidas sopram gélidas pelo bosque do teu corpo
Diz-me que angústias te recebem no arrepio da pele
Diz-me que quereres reluzentes anseias no ar suspirante
Se não sabes ...a ti te digo....
Dispersa os teus medos como um vento louco
Agita os teus ramos contra as sombras..afasta-as...
Esvoaça pelos flagelos da tua alma
Como se fosses um papagaio de papel transparente
Abre-te à vida como o pavão abre a cauda magnificente
Concentra o teu ser nesse centro maravilhoso onde incide a luz
Não ardas num inútil fogo fátuo...
Reluz...reluz...reluz …
Como se fosses um caminho iluminado pela lua cheia
Ou um maciço matagal de emoções
Um jardim...uma praia...um bosque...
Recorta as tristezas e cola-as num espelho
Olha para elas...bebe-as...assimila-as...
Depois...deixa-as dispersar numa rajada de gorjeios palpitantes
Põe-nas em debandada..ou atira-as à espuma branca
Não flageles a tua luz suave com lápides sem nome
Adeja no ar como as andorinhas cujas asas assobiam ao vento
E não feches o teu coração como se fosses uma mão fechada
Chora se queres...mas...olha que a fina cor da melancolia
É como uma matiz esvoaçante...uma eterna ausência...
Ou uma pena de pássaro raro...caída no beiral da tua janela...
E que te fará lembrar... das coisas que fazem tremer o coração!