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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Caem do meu rosto pétalas cansadas....

Caem do meu rosto pétalas cansadas...
Como se nascessem de um coração com dúvidas
Tiritam imperfeitas e geladas...
Como se a ausência da mão que as rega fosse um fogo intransponível
Em que súbitos aromas terei que despertar?
Com que cardos terei que cobrir o meu corpo?
Com que mãos terei que punir a alma ?
Que delírios esquecidos terei que percorrer?
Que fumos espessos terei que atravessar?
Não sei...os beijos partem claros e ardentes...sem retorno...
As lembranças lutam contra o impenetrável aroma do teu perfume
As minhas mãos exalam o perfume do teu corpo
As horas lembram-me continuamente o vazio ausente
Mas... às vezes...subitamente....
O teu olhar aparece mascarado... fantasma..mas um fantasma de gelo
Um desses fantasmas feitos de um gelo fugitivo...
Que se derrete ao meu olhar...
Aspiro então demoradamente o ar...como um lobo delirante
Pode ser...pode ser que uma súbita chama irrompa como um géiser
E tu ...venhas sentada no cimo...acenando-me...
Caem do meu rosto pétalas cansadas....
Como se nascessem de um coração cansado...
De te imaginar!

Caem do meu rosto pétalas cansadas....

Caem do meu rosto pétalas cansadas...
Como se nascessem de um coração com dúvidas
Tiritam imperfeitas e geladas...
Como se a ausência da mão que as rega fosse um fogo intransponível
Em que súbitos aromas terei que despertar?
Com que cardos terei que cobrir o meu corpo?
Com que mãos terei que punir a alma ?
Que delírios esquecidos terei que percorrer?
Que fumos espessos terei que atravessar?
Não sei...os beijos partem claros e ardentes...sem retorno...
As lembranças lutam contra o impenetrável aroma do teu perfume
As minhas mãos exalam o perfume do teu corpo
As horas lembram-me continuamente o vazio ausente
Mas... às vezes...subitamente....
O teu olhar aparece mascarado... fantasma..mas um fantasma de gelo
Um desses fantasmas feitos de um gelo fugitivo...
Que se derrete ao meu olhar...
Aspiro então demoradamente o ar...como um lobo delirante
Pode ser...pode ser que uma súbita chama irrompa como um géiser
E tu ...venhas sentada no cimo...acenando-me...
Caem do meu rosto pétalas cansadas....
Como se nascessem de um coração cansado...
De te imaginar!

Sou levado pela corrente....

Não sei se diga que o homem é Deus
Não sei se diga que o homem é um escândalo de Deus
Não se diga que o homem é um louco liberto das grilhetas da razão
E que pode caminhar às arrecuas do tempo
Não sei se diga que a alma tem perfume...e a lama tem mãos...
E que a memória é carregada de ácidos suaves
E de sorrisos...e de elegâncias...e que tem os olhos fitos na avidez do prazer.
Celeste é o leite que temos que beber
Requintado é o sorriso que temos que sonhar
Fortificantes são as desilusões parecidas com a verdade.
Moribundas...moribundas são as suaves luzes do Universo...
que como fios de seda nos ligam ao seio materno da Vida
Existimos...fortes...ávidos...magoados...às vezes...
Mas também estendemos mãos às recepções calorosas do coração
Mas também libertamos odores amigos e ternura nos gestos
Mas também pintamos... crédulos templos ao ar livre
Sim! Templos ao ar livre...
Não esses templos a cheirar a mofo... onde se escondem os deuses empoeirados
Desses não precisamos...queremos deuses puros...
Que brinquem connosco ...que riam connosco...
Que sejam realmente irreais e tocáveis...que possam ser bebidos com prazer
Quisera eu ter um desses ternos e celestiais momentos de verdade
Algo como uma epifania requintada e existencial
Estivesse eu sentado à mesa do espírito
E beberia com avidez do seio das flores o néctar escorrente das almas sãs
Mas não...flutuo pela do margem do rio como uma flor aquática...
Sou levado pela corrente....perdi a minha raiz..agarrei-me ao meu caule....
Mas...tive o meu prémio...
Icei a minha vela...e agora navego em liberdade!

Tu que nasceste bom e puro

Tu que nasceste bom e puro
Diz-me que virtude testemunhas na caridade
Mas...diz-me a verdade de forma rude...impiedosa
Diz-me que delírio te comprou...
Na noite em que te deitaste sem os cobertores da ternura
Exagera...como se fosses as pétalas da amargura
Embaladas pelas virtudes fulminantes da verdade
Diz-me que encanto têm as sepulturas
Que essência te chora no calor melancólico das rosas
Diz-me o que te satura...
Diz-me que gelado encanto tirita no delírio
Diz-me em que máscara insuperável escondeste a tua ausência
Diz-me como embelezas o teu silêncio
E como fugiste desse piedoso ensinamento...
Feito com as mãos encerradas numa insuportável obscuridade
Que se quis fazer passar por ti...na noite em que fulminaste a vida
Tu..que nasceste bom e puro...
Que foste vestido por pétalas e lavado em águas santas...
Benzidas por aromas matizados de incenso
Cuja essência mergulha nos desertos
Onde as recordações embalam lembranças intransponíveis
Tu...que nasceste bom e puro
Diz-me que chama te inflama
E que absurdo te atravessa a alma
Como se fosses atraído inexoravelmente pelo escuro....

Ser criança....

Como te poderei explicar... criança
Que as ruas são caminhos inclinados
Que as abelhas fazem mel desesperado
E que as lágrimas são tristezas emprestadas
Que os perfumes são prados de roseiras
E o calor que sentes à lareira
São os cotos das árvores decepadas
Que as orquídeas choram quando as cortam
Que a pureza és tu maravilhada
Que os teus gestos lindos me transportam
Aos tempos do viver no paraíso
Onde as histórias contadas me recordam
O imenso fascínio do teu sorriso...

Dos mistérios quero ser o seu amor

Peço hoje às ruas para que não guardem os meus passos
Peço hoje aos barcos para que levem o meu grito
Peço às janelas para que se abram ao meu olhar …
E o derramem sobre todo o infinito
Peço aos ouvidos que respirem sons de sinos
Que os espalhem pelos olhos que não vêem
Peço uma parcela de acalmia ao furor
E à nostalgia um som profundo de calor
Dos olhos doces quero beber lágrimas
Quero apanhá-las com a língua da ternura
Quero juntá-las num cantinho acolhedor
Dos mistérios quero ser o seu amor
Que para além do tempo sempre dura.

O cianeto dos dias

Noite estrelada... abre-me o magnificente pórtico da ilusão
Deixa-me ser um solene espectador...
Deitado na rua sobre letras de cartão
Que venham as comédias e os apóstolos
Que passem por mim as justiças …
Que escrevam em letras garrafais que eu sou o injusto...
Nada...nada fará de mim um santo...
Nem a minha comédia de filantropo fugindo ao castigo
Nem o meu rosto de morto-vivo
Nem a minha rota de saltimbanco do eterno...
Nada...nada fará de mim um santo...
Já paguei...já pus e tirei a minha máscara
Já subi do abismo...já fui o inconsciente que escorraçou o Diabo...a troco de nada...
Agora...convivo com anjos e demónios...
Conheço-lhes as manhas contemplativas...
E sei que todos os demónios são anjos-demónios
Agora...deleito-me espreitando as máscaras e os vivos
Deixei de carregar o passado como se fosse um castigo
Escorracei a nostalgia... sei que há um céu apaixonado...
Que todos os dias me mostra a caveira
Que carrego como uma lembrança do cianeto dos dias
E que todas as manhãs a tenho que ressuscitar para a vida!

Traziam esplendores azuis e brancos

As vagas vinham até nós com volúpias majestosas
Traziam esplendores azuis e brancos
Como se fossem segredos profundos
Ou como gritos doces que a lua enviava para o coração
Lá longe ...pressentia-se o abismo como se o mar se transfigurasse
E nos recebesse com magias e leitos
Onde pudéssemos adormecer num mar feito de cânticos
E as nossas dores fossem milagres erguidos sobre os sonhos
Onde enlaçávamos gemidos...
Que o mar secretamente guardava....