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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Era um sonho feito de uma noite húmida...

Sorris... num sonho luminoso e longínquo
Como se fosses um largo encanto que me iluminou as trevas
Onde eu permanecia... como um gigante..que bebia a tua luz
Era um sonho feito de uma noite húmida...derradeira
Nascida de um verão feroz e profundo...como uma censura
Bebi desse cálice de onde despontava timidamente a tua natureza
E... foi um encanto...o ar da noite...uma aventura...
Uma volúpia feérica...um corpo de marfim...uma fundura...
Onde me despi dos exílios profundos da ternura....

Enleamos o medo em fios doirados e dias ternos


Florescemos no espaço e no tempo como gritos inacabados
Jazemos sob um céu perfeito... enroscados como pedras sob a nocturna lua
Somos coisas raras...latejantes...coladas aos sonhos...
Enleamos o medo em fios doirados e dias ternos
E enroscamo-nos como novelos retesados e sonolentos
Com a pele a estalar palavras breves que colamos aos lábios
Fumando as grandiosas espirais que os sonhos acumulam na pele dos dias
Fazemos tranças às moscas que poisam na vidraça.
Alisamos o pêlo da escuridão celeste com poemas sábios
Roçamo-nos em ternuras de cetim
Que a ausência áspera dos pássaros veste de negro
Tememos os vulcões e as sombras...os monges e os hirtos...
E os ritos latejantes dos dias perfeitos...
Colamos o amor na pele...
Como se fosse um sonho trespassado por canteiros de rosas inclementes
E despimos a lua com a alma retesada pela solidão
Sonolentos seguimos como estátuas sobre uma terra áspera e ausente
Porque sabemos que do mais profundo das brisas
Soprará a insondável escuridão disfarçada de hibisco florido
Mas nós queremos mais e sempre mais... sombras e ausências..livros e histórias..
E pássaros que reviram as asas sob a abóbada celeste..
Traçando círculos mornos na poalha translúcida das aguarelas
Depois...discretos...enterramo-nos nas profundas vidraças da alma
Imaginando que a dor tem asas de albatroz...
E que paira sempre como um tempo sarado...
Ou como um amor iluminado pela amanhecida e clara aurora!

Repousei embalado pelos ventos da ternura

Repousei embalado pelos ventos da ternura
Respirando o perfume das coisas esquecidas
Abandonei-me aos caminhos que levam até aos dias melancólicos
E vi nascer a brisa misturada com o aroma das pétalas generosas
Depois percorri o caminho sentido do leite e do mel
E agora já não peço nada aos espinhos.
Já conheço a ansiedade que imperceptivelmente me leva aos jardins
Já sei que não posso retornar a mim...sou uma coisa esquecida
Sou o filho sem sentido dos dias perfumados
Porque ao ver nascer o mar azul...sentei-me na areia como se fosse o Rei das ondas
E vi as velas dobradas gemendo ao vento brilhante
E ouvi os gemidos loucos do sol reflectido na espuma
Que anunciava águas extenuadas pela rasura das margens.
Que levam aos campos lamacentos onde me agitei incrédulo...
Porque as borboletas bebiam a palidez das coisas.
Depois...gemi como um louco que procura as suas asas de cera luminosa
E...de repente.. levantei voo e pousei sobre a neve cintilante
Como se fosse uma rua de luz
Ou uma longa viagem sobre as elevações da alma
Que perene ...jazia.... no silêncio dócil do vazio...
Aguardando ansiosamente...a sua glória...a sua coroa...
Aquele momento em que o conforto venenoso do patíbulo...
Lhe trará a lucidez fecunda que a fará triunfar
Sobre o peso do seu corpo diáfano..que molhado pela volúpia
De um adeus...ou de um chão calado pela noite..
A faça florir sem piedade... do seu exílio voluntário...