Bebo a tua sina pela minha própria mão..
Bebo a tua sina pela minha própria mão..
Porque te dei a provar a cicuta que nos devora
Viverei em ti... como uma recordação...
Ou como uma estampa cobrindo a tua alma
Ou ainda como uma tatuagem perene a que não podes renunciar...
Arderás nas chamas gastas...impiedosas...
Ouvirás músicas impalpáveis...hinos... baladas...
Sombras de notas gravadas na distância...
E sentirás o sabor da ausência...como uma fadiga...ou uma noite fechada...
Os teus olhos breves ficarão embaciados...como sombras aladas...desgastadas...
Até que derrames todas as tuas penas...sobre um lençol inebriado...
Cruzarás a luz como uma borboleta atraída pelo alfinete que a crucificará
Atravessarás o tempo como uma fantasia derramada sobre um frémito
O teu corpo não terá sombra...nem corpo...nem chama ateada...
A tua cama gemerá sons profundos...em crescendo...como um candeeiro perfumado
Nada te lavará...nem a fadiga...nem a brisa derramada sobre os campos...
Nem a geada que se deita ...deleita...sobre as noites inebriantes...
Agitar-te-ás inflamada pelas carícias impalpáveis da ternura sonhada...
E abrirás para a noite da minha felicidade....a tua rosa perfumada.....
E como num frémito de prazer profundo...
O teu coração em fogo...
Fogosamente se deitará sobre as chamas de um paraíso emprestado...
Onde eu estarei como um atento espectador...
Dessa breve alegria...desse breve assombro...desse grande brado...
Que sairá de ti...como de uma Vénus em êxtase....
Que bebe do belo sexo um amor imaculado....