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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Capturado numa floresta de sonhos....

O céu está cheio de vozes e de bocas encostadas ao interior das idades sem sombra
Das nuvens caem pingos de aguarelas coloridas…
Que acompanham a paisagem dos pés descalços sobre a terra negra...
Pés que pisam a eternidade sombria... de uma alegria desprezada por um coração cego
Porque foi testemunha de um encantamento irresistível...
Que se fez passar por uma sílaba fechada...
E se transformou num glaciar de luz delirante
Com uma sonoridade e uma doce harmonia...que até os bosques cristalinos
Oscilaram sobre a crueldade das penas com que os choros os contemplam...e a noite
Em que as nossas sombras emergem dos pálidos lagos
Como verdadeiros lábios perfumados...por um incenso desconhecido...
Capturado numa floresta de sonhos....
Quando o amor embelezava a tarde... que morria serena...numa claridade morna.


 

Como se fosse um vidente do Além...

Diz-me que a essência do que somos está no que nos arrasta
Diz-me porque sobrevivemos sobre sombras de penas irresistíveis
Diz-me porque choramos os mortos...se já são nada...e porque choramos então o nada?
A vida diz-nos que as alegrias passam sobre as nossa feições
Como encantos cujas paisagens oscilam sobre verdades sem forma
E se somos cegos...e se somos perdão...e se nos arrastamos até à sepultura
É porque em cada homem há um morto...que se faz passar por sobrevivente...
Como se fosse um vidente do Além...

É apenas um fio de água capturado nos olhos de uma ave

Estás comigo como uma árvore antiga... cuja folhas têm o tamanho das sombras
E cujo perfume encanta os meteoros tormentosos... que sonham... vagos pelo céu
Onde estão ancoradas as minhas confidências ...numa almofada feita de terra e raízes
Porque não posso mais dissimular a noite... que a tua ausência me trouxe
Tu sabes bem o que são as portas fechadas..imóveis...nas sua dobradiças ferrugentas
Tu sabes...como sempre soubeste...que os troncos arrastados pela corrente...
Vão em deriva dar às auroras que aprenderam a calar-se...dissimuladas em flores frias...
Sabes...porque já me disseram palavras doces...
Já me contaram que o tempo afundado nas areias...é um vício de espuma morna...
E que as páginas de uma solidão imperfeita...são a concha onde a paixão ganha asas...
E os homens se fragmentam em olhos e carne...e dores vorazes...
E que um dédalo de assombros efémeros...
É apenas um fio de água capturado nos olhos de uma ave...ofuscante...