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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

“Entender os outros não é uma tarefa que comece nos outros

“Entender os outros não é uma tarefa que comece nos outros. O início somos sempre nós próprios, a pessoa em que acordámos nesse dia. Mas essa será sempre uma fé. Aquilo que entendemos está fechado em nós. Aquilo que procuramos entender está fechado nos outros.” José Luís Peixoto – Em teu ventre- último romance publicado.


É por isso que sem entendimento e confiança entre as pessoas as relações e a amizade tornam-se um absurdo sem sentido...embora sejamos sempre nós a sentir os outros e sejam sempre os outros a sentir-nos....acreditemos pois na possibilidade de haver pessoas em quem podemos confiar...

Alentejo da minh`alma

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 Existem vários lugares na nossa vida, o lugar em que nascemos, o lugar em que vivemos e o lugar a que sentimos que pertencemos. Eu nasci em Lisboa, vivo no Ribatejo às portas da grande cidade e só me sinto "eu" verdadeiramente no Alentejo, (de onde provêm as minha costelas maternas), mais precisamente do Baixo-Alentejo. Quando atravesso a Vasco da Gama, algo começa a mudar no meu interior, chego a Alcácer-do-Sal e já sou meio alentejano, e quando paro na Mimosa já se deu em mim toda a transmutação, parece incrível mas até já nem me dá jeito falar “à lisboeta”, começo logo a aplicar o gerúndio...meu querido Alentejo em que a planície é um céu onde os meus pulmões explodem em verde e doirado e os meus olhos se enchem da cor imensa de um tempo ancestral que reside no cante arrastado das vozes sofridas,e nas vendas onde o vinho corre sem regras...e a voz suave e cantada das mulheres que são como santas em altares de sacrifício e que me arrancam suspiros da alma....que se perde extasiada pelos campos onde as cegonhas enfeitam os dias....

As pessoas são apenas silêncios indiferentes

Insólito o vento arrasta as ruas e os sons como censuras ritmadas
E as pessoas são apenas silêncios indiferentes à natureza tímida
É o desencanto...é a indiferença perante o sinistro jogo de um teatro censurado
Esquecido Dionísio...esquecida a fertilidade da orgia lírica do ditirambo
Um sono acomodado honra muitas carapaças falsas...
Porque a lisonja aquece os pés...sob os sinos das igrejas...
Que clamam pelos fiéis... atraindo-os para um Inferno fugidio...que bebe luz e homens...
Que chora sobre corpos transparentes...que encantam pela sua timidez de marfim
Ganhamos quando perdemos...o mesmo que perdemos quando ganhamos...
Porque tudo é indiferença..no tribunal fantástico das trevas secas...
Amamos aquele que bebe o fogo...
Amamos aquela que se deita naturalmente nua sobre a noite verde
Amamos a profundidade imensa de um buraco aberto sobre um jardim de violetas
Ai embriaguez de cidades ferozes e malignas
Ai atmosferas estranhas e veladas...cheias de um amor incontido...
Ai o poder imenso dos suspiros e das tragédias voluptuosas da poesia
Bebamos o ar da noite...como adoradores das trevas acetinadas...
Sejamos muros de pedras...adoradores do verão....
Deliremos com as linhas de uma face erguida e bela num pedestal sonâmbulo
Que se perdeu nas noites do ópio e no delírio furioso do amor...
Mas nunca a nossa alma seja uma servidora amarfanhada e cobarde
De um buraco onde as trevas...
Se escondem em prelúdios imensos de excrementos sem gente dentro...