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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Fazei de mim aquele que pode colher as lágrimas...

Lembro-me dos poéticos dias...
Em que a minha alma percorria as estradas da harmonia
Lembro-me das vastas noites de alquimista
Em que transformava o futuro sem horizonte …
Num trote fogoso que se diluía numa felicidade de horas frescas...
Ou numa vertigem transbordante de um mar onde as ondas se riam
E se desfolhavam em emanações radiantes que compartilhávamos exaltados
E...em que a perfeição do amor era apenas um aroma exalado pelo coração
Que me mostrava a vida,,,como uma fantasia cheia de encantos...
E as noites se pegavam aos dias...como se fossem um só sonho realizado
Lembro-me dos poéticos dias ...
Em que trepava pela esperança do sonho como uma torrente de ilusão
E...como uma criança empoleirada numa colina..me deslumbrava com o vale florido..
Que envolto num nevoeiro denso não me deixava avistar a aldeia do desprazer
Ah futuro sonhado por uma esperança transbordante de ruas vulgares
Ah imperfeição ardente da melancolia que nos murcha os sonhos
Deixai-me lançar amarras...deixai-me velar o sono dos beijos...
Deixai-me ser aquele que a natureza não reconhece como seu filho
Deixai de querer atribuir-me sonhos...que já não posso realizar...
Mas fazei de mim aquele que pode colher as lágrimas...
Que o teu rosto imaculado chorará....

Como o canto de um rouxinol

Ardo num incêndio que me embriaga os dias tumultuosos
Ardo naquelas labaredas de cor que me saúdam como irmãs
Porque me perdi nos campos solenes com ímpetos exaltados
E agora...ergo os olhos aos céus...
E vejo campos imensos e escuros... sem solenidade...
Perdi-me num tempo... em que desconhecia o tempo
Perdi-me nas horas que pensava serem infinitas
Saudei o abismo...enfrentei o breu...com toda a exaltação da juventude
Agora...banhado nas águas que o orvalho não quer
Carrego na lapela a flor épica do delírio e da desilusão
Não sou mais o cavaleiro que caiu do sol...sobre um mar manso...
Não sou mais o passante que recebe o tributo ansioso de um corpo ao luar
Nem a testemunha comovida do teu corpo solene e ansioso
Hoje apenas me entrego ao silêncio...apenas me comove o silêncio...
Apenas me embriaga o silêncio....apenas reluz em mim o silêncio...
Porque a vida me cobriu com a manta esfarrapada do esquecimento
E das minha mãos febris...apenas sai a noite...
Como se fosse um tributo ansioso ao sol que tarda em brilhar....
Como se fosse um misterioso pensamento desencantado...
Pelas vagas que sopram... em emoções que crescem sobre a minha pele...
E que ao fim do dia apenas se comovem...
Com a despedida tremenda de um esplendor....
Que se extingue lentamente...
Como um canto de rouxinol ...que se esforça por adormecer
Nos braços amados da solidão....

Porque abandonámos a inocência...

Quando os dias negros nos crestam a pele ardida pela secura das horas
Quando vestimos fatos estranhos sobre o o nosso corpo adormecido
Quando o nosso espírito não repousa sobre um lençol de paz
Não há distâncias seguras entre nós e o mundo
Não há ruas nem olhos imóveis para nos curar
Somos apenas um palácio desocupado de alma
Somos anjos...feitos prisioneiros...com os ombros encolhidos pelas coisas penosas
Somos crianças na posição fetal...à espera da luz virginal
À espera da hora em que despertaremos de um sono...como sonâmbulos sem sonhos
À espera de nos reconhecer-mos nas delirantes voltas dos dias
Como se fôssemos bons...e maus...e entrássemos num céu desgostoso
Onde as lajes frias nos recebem como convidados
Porque abandonámos a inocência...e nos tornámos sombrios...

Que encantam o nosso voo silencioso pelos bosques do céu...

Abri os meus olhos e vi a irresistível atracção da beleza trágica...
Inflamada por um tempo sem essência …
Que se faz passar por uma recordação absurdamente maravilhosa e clarividente Contemplo esse tempo...com o coração aberto sobre os meus olhos cegos...
Que a si mesmo se torturam com a recordação impossível de um amor elevado às alturas
Já não me posso fazer passar por mim...
Já não posso amaldiçoar as alegrias...nem as penas...nem as sombras...
Já não distingo o tempo...
Em que o desacordo me surgia como um cume submerso em nevoeiro
Tão cruel e verdadeiro...e ainda maior e mais fechado...que uma sombria água...
Ainda maior e mais profundo...que uma paisagem que floresce..
Apenas para os olhos despertos para os matizes triunfantes da volúpia
E mais que uma voluptuosa cintilação...na avenida fechada ao inebriante amor...
E mais que uma sonoridade eloquente que multiplica os sentidos em alvas doçuras
E mais que horizontes de luz e verde... banhados pelas sonoras cascatas de serenidade
Em que os enormes mistérios da solidão se vingam...
Nas flores que se desfolham em caprichosos perfumes afrodisíacos …
Como se fossem violinos entoando melodias...
Que encantam o nosso voo silencioso pelos bosques do céu...