Fazei de mim aquele que pode colher as lágrimas...
Lembro-me dos poéticos dias...
Em que a minha alma percorria as estradas da harmonia
Lembro-me das vastas noites de alquimista
Em que transformava o futuro sem horizonte …
Num trote fogoso que se diluía numa felicidade de horas frescas...
Ou numa vertigem transbordante de um mar onde as ondas se riam
E se desfolhavam em emanações radiantes que compartilhávamos exaltados
E...em que a perfeição do amor era apenas um aroma exalado pelo coração
Que me mostrava a vida,,,como uma fantasia cheia de encantos...
E as noites se pegavam aos dias...como se fossem um só sonho realizado
Lembro-me dos poéticos dias ...
Em que trepava pela esperança do sonho como uma torrente de ilusão
E...como uma criança empoleirada numa colina..me deslumbrava com o vale florido..
Que envolto num nevoeiro denso não me deixava avistar a aldeia do desprazer
Ah futuro sonhado por uma esperança transbordante de ruas vulgares
Ah imperfeição ardente da melancolia que nos murcha os sonhos
Deixai-me lançar amarras...deixai-me velar o sono dos beijos...
Deixai-me ser aquele que a natureza não reconhece como seu filho
Deixai de querer atribuir-me sonhos...que já não posso realizar...
Mas fazei de mim aquele que pode colher as lágrimas...
Que o teu rosto imaculado chorará....