A inexplicável geometria do caos....
Quando nos demoramos frente a um dédalo de sombras
Onde o pólen ferido pelo frio nos fragmenta a solidão
E um voraz apetite pela destruição das catedrais soturnas nos invade
Decompo-mo-nos em seres assimétricos …
Que tecem espumas de jade em janelas que dão para pátios esconsos
Onde capturamos aves imperfeitas...de uma beleza louca e embriagante
Porque nessas aves reside o bafo dos mortos...que se agarram à vida...
Sabemos que milhões de milénios de poemas imperfeitos...
Escorrem pelas pétalas das palavras...com o desvelo descuidado do ninho da rola
Nada mata os deuses que vivem distraídos numa concha desconhecida
Nada vicia mais que o ligeiro cantar da água sobre uma página em branco
Nada nos embriaga tanto como o assombro das camas desmanchadas
Nada nos ofusca mais que o olhar de um felino sentado sobre um tempo impassível
Enquanto esquece a inexistência dos homens...capturados pelos dias...
Como máquinas que se esfumam em cinzas...que não são calcárias...
Porque esses homens já não têm ossos...nem esqueleto...nem infinito...
São mortalhas inacabadas de um tempo efémero...sem princípio nem fim...
Que pulsa sempre igual...como a inexplicável geometria do caos....