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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Numa manhã de Maio resplandecente ...

Guardo nas palavras o teu rosto iluminado pelas horas que enchem a superfície dos dias
Fixo em mim a fronteira que rasgará o teu rochedo em febris convulsões
Porque vago é o firmamento que ruge lento sobre a sombra da tua carne branca
Vaga é a névoa sublime..que vence a Luz...que rasga o sol...
Que me mostra o perfil de um espectro...que aparece pálido...
E cuja face não tem figura ...mas que me mostra o meu rosto sem fronteiras
Inacabado perante o espelho trabalhado pela febre biselada da existência
Que nomes se criam para as obras cuja luz incendeia a eternidade?
Que febris corpos se acendem nas misteriosas somas da horas?
Que verdades nos atravessam os lábios...que cismam com versos silenciosos
Que somas nos faltam para alcançar o número perfeito do amor?
Assim é a tua beleza contemplada …pela falta de palavras para a expressar...
Assim fossem os meus dedos inúteis para atravessar a verdade
E jamais a água contemplaria um nascer de dentro de ti tão perfeito
Que nem o rugir do teu nome pelas estátuas dos Arcanjos
Inflamariam mais as minhas trevas...e que um pequeno pouco de ti...
Transformasse a minha respiração sôfrega...
Numa manhã de Maio resplandecente ...

Que abafado num brado sem atmosfera...

Apaga-se o longo dia...caindo na noite como um agitado campo seco
Os sons profundos do coração esmorecem lentamente
Marcados por uma ternura feita de agulhas dissimuladas em brados longínquos
Aspiro a calma nocturna...e desvio a cara para não ver a nostalgia
Que docemente me envolve... para me levar no teu perfume fresco
Que abafado num brado sem atmosfera...se inquieta pela tua ausência...

Eu...todos os dias sou a tua Eternidade...

Embalo a consciência de ti num pressentimento aventureiro
O teu ventre é a minha luz...o meu túmulo inquieto e delirante
Onde o meu corpo completamente nu...declama esperanças de amores furtivos
Que se lançam em exaltados delírios...que contemplam a tua infinita dúvida...
Que absorvem teu infinito pressentimento...a tua inquietude...
Como se fosses uma criança sempre em busca da terra prometida...
Como se fosses um verso embalado num desgosto que aniquila
Mas...não precisas de outra vida nem de outro sabor...
Não precisas de outro túmulo de amor
Não precisas de lançar a tua escuridão sobre a dança sublime..
Vem... com a certeza assente na dúvida...
De que se um dia a Eternidade se lembrará de ti...
Eu...todos os dias sou a tua Eternidade...

Filosofando sobre a leveza do rosto amado...

Ali estava eu...pendurado como um amuleto... escondido como um indecente
Filosofando sobre a leveza do rosto amado...


Exibindo-me como uma estátua contraditória
Perfurando os olhos para ver todas as indecências...
Que nos abandonariam após os nossos êxtases poéticos e carnais
Mais carnais que poéticos...mais ancestrais que indecentes..
Mais lembrados que comedidos...
Mais debochados...mais virginais... mais condenados ao Juízo Final
Que um abandonado coração dividido em dois...mas habitando apenas um
Mas... foram êxtases públicos...de corpo e cara descoberta.. Extravagantes...incontornáveis
Porque já não era mais possível engolir a vida
Porque já podíamos desprezar os imbecis e os eunucos da alma
E os castrados...e os que vivem na estrebaria dos sentimentos...
E os cobardes que vivem sem utopia...
E os comediantes montados em andas...falsas pernas que não nadam...
E todos aqueles que pedem a cabeça dos poetas..que se encharcam em vinho e delícias
E todos aqueles que acham que a alma é um génio imortal...
E todas as doutrinas onde Cristo urinou...
E onde todos os diabos com prelúdios Divinos comeram
Que fazer com essa gente?
Que fazer com essas máscaras desmontáveis e sem expressão?
Que fazer com esse bando de preguiçosos que se recusa a viver?
Que fazer com esses heróis de mundos desmanchados?
Onde não reside espanto...nem emoção...nem volúpia...
Apenas podemos ser os heróis dos nossos castelos
Que construímos sobre prazeres que se reflectem nos astros...
Como se tivéssemos que demolir um passado queimado por um espeto quimérico
E construir um presente enternecido...
Sem leis ...e sem Deuses irados e disfarçados de Santos...