Passeamos pela aguda mordedura dos dias
Disfarçados de almas quentes...e exibimos um brilho acetinado...
Como carrascos de nós... vestindo um fato de bom corte
Desafiamos a nossa razão perante a navalha afiada numa laje fria
Como se enfrentá-la fosse uma libertação...ou um grito voraz do nosso interior
Desesperamos com a sua mordedura impiedosa e...
Vagamente flutuamos nos seus lábios roxos..
Somos como vómitos de uma prisão arrepiada...
Por um gelo que pende do nosso corpo...
Ou como farrapos de um mendigo sem nome...
O coração abala-nos o peito frouxo....e nós...
Enrolamos os olhos em convulsões de pedra
Para que não vejamos as sensações...nem os passos obcecados pela luz
Enroscamos o nosso espírito insano numa fenda profunda
Que cavámos como se fosse um berço de amor...
Ou uma conjectura sulfúrica onde os arrepios da alma nos agudizam os sonhos
Perdemo-nos em imagens fantásticas...em leitos estremecidos...em lúgubres prisões
Perdemo-nos em corpos plenos e surpreendentes como demónios
Perdemo-nos imaginando que as nossas narinas exalam gritos perfumados
E o resultado de tudo isto...é um ferrete que nos marca sinistramente os passos
Passos consagrados a uma tempestade de fogo
Que não nos alimenta...mas que nos gela as paredes incoerentes dos dias...
E que sobe pelas paredes do nosso poço...onde um secreto trovão explode...
Sobre uma sólida pintura de sangue escorrente..
Que o nosso peito marcado por um ferro em brasa... teima em exibir...
Como se fosse um bálsamo condensado... em torno de uma luz eterna...