Onde desaguar tudo o que criamos com palavras...estará o infinito
Cai a chuva diluindo a noite numa lenta passagem
Para a manhã que virá como um propósito de luz
Indivisos...os olhos procuram existir para lá de todo o horizonte
Não há fronteiras que separem o que vem de dentro...
Nem meses em que os rostos não floresçam em mistérios líquidos
Exacto é o fogo que acende o céu que não vemos
Potente é o rugido que acenderá o fim de tudo
Reais são as presenças que atravessam os rios
Rumo a um tempo que existe para lá de todas as coisas...
Não há antes...não há depois...tudo é...como sempre foi
Porque onde estiver uma luz acesa...estarás tu....
Onde estiver uma estreita passagem...estarei eu...
Onde desaguar tudo o que criamos com palavras...estará o infinito
Nesse infinito onde repousa o ar.... que arquejando procurarei sofregamente
Porque não há verdade na existência...nem tempo na solidão
Porque não há fogo que não emita um rugido de fera impaciente
Porque não há divisão na vida...nem no tempo...nem nos corpos unos...
Esta é uma noite amena..em que a água nos lava a respiração ofegante
E em que a contemplação do existir...queima tudo o que nos pode separar