És o mural do mistério a vencer o efémero..
Mas...és tu...conheço-te...sei quem és..ave silenciada em sílabas
Que os dias arrefeceram...novelo de paixões e magias tristes
Tens olhos geométricos a anunciar mistérios...
E carregas pétalas de rosas que só tu cheiras
Encurtas distâncias em tardes brancas e silenciosas de inverno
E reclamas rostos aos dias íngremes como se fossem pinturas de guerra
Trazes sagradas sabedorias no teu corpo inquieto...
E guardas o princípio do mundo no teu útero...
Como se fosse feito de lendas e dias semicerrados em espantos...
Que os poetas tentam interpretar...como se flutuasses num quadro esquivo
Que tem que ser perseguido pelas veredas íngremes dos Deuses
E pelas alturas sagradas da criação...ou como se fosses a semente do Eterno
E residisse em ti toda a luz do profundo Universo
Essa Luz que vive escondida numa centelha de sonhos feridos
Porque longe da memória do tempo...resides cativa no rosto imaculado do amor...
És o mural do mistério a vencer o efémero...um enigma que o espanto não nega....
Mas..és a pergunta...que todo o homem carrega....és a fonte...
Onde vamos beber o medo das almas sem tecto..
Mas também és o berço …onde vamos buscar todo o afecto....