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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Um gato olhou para mim como se fosse meu irmão...

Pelas ruas os candeeiros principiavam a acender as fachadas das casas
Os homens tornavam-se raros debaixo das copas da árvores
E as pálidas estrelas acendiam as suas cores num jogo solitário de luzes
E o sol esvaziou-se numa excessiva luz vermelha ...insensível...
Eu principiava a dividir-me em pedaços...como uma carne branca cheia de raízes
Um gato olhou para mim como se fosse meu irmão...
E em volta... a paisagem desfez-se numa voz melodiosa...
Que me chamava para entrar na água pura...que escorria das luzes
E que debaixo desse raro céu inteiro... tremeluziam como um sangue fatigado
Obscenamente fatigado pelo reflexo dos homens que cruzavam o espaço entre as luzes
Com a naturalidade das vidas arruinadas...


 

Como se Hera te enviasse no pavão de Íris...o teu novo destino...

Sei onde te escondes...conheço a colina de onde espreitas o vale
Tens frio...porque não tens sombra...e te escondes no escuro...
Deixa que as nuvens passem e larguem a sua chuva
Deixa que o ar fique lavado pelo aroma melancólico das ervas molhadas
Escuta os insectos nocturnos...não abanes a paisagem com excessiva energia
Deita o teu corpo de barriga para o ar...absorve o céu...
Deixa a terra ter a certeza que gostas dela...como se fosse uma coisa rara
Ou um sol que aquece os estalidos dos ramos partidos pela idade
Deixa o teu olhar roçar pela linha verdejante dos campos...
Como se eles fossem qualquer coisa distinta...cheios de uma melancolia encantada
Então...esquecerás as jarras quebradas...
Esquecerás os jazigos vermelhos onde dormem presságios...
Tudo para ti principiará de novo...
Como se Hera te enviasse no pavão de Íris...o teu novo destino...
O teu encantamento...a tua nova paisagem luminosa....