Até que um dia o vasto despertar nos visite
Habitamos corações fechados em covis onde falta alguma coisa
Empurramos o pó da alma com um espanador cheio de medos
Vemos olhares que rasgam o ar enquanto expulsamos os dias que não importam
E fechamo-nos em sombras e risos esperançados...como um ritual inevitável
Dançamos... em corpos rasgados pelo frio...uma dança plena de imensidão
Escondemos segredos...cantamos assombros....
E devolvemos à alma o troco de um pagamento feito com sentimentos coalhados
Preenchemos a nossa sombra com trovões e poesia...
Com portas fechadas e doces corpos acariciados
E contamos às pessoas que dançam à nossa volta...
Histórias que caem no chão negro e poeirento...
Porque reclamamos a eternidade como se ela fosse uma pedra...indestrutível...
Arrastamos os pés pela tapeçaria que é o nosso nascimento
E pela penumbra do céu que é a nossa felicidade
Nada nos diviniza...nem o céu nem a terra...nem os assobios do vento...
Somos uma contaminação exagerada de nós...
Um espaço preenchido por bocas e sementes que lançamos ao chão
Até que um dia o vasto despertar nos visite...e nos diga...
Que somos feitos de lama...que somos feitos de terra e ar...
Frágeis cascas de ovo...que se erguem fortes e resistentes
Perante o enorme espaço que flutua entre nós...
E os sorrisos delicados das flores...